Vida complicada ou muito complicada, dependendo da perspetiva, na Liga dos Campeões.

Em seis edições com três equipas em simultâneo na fase de grupos, Portugal nunca antes chegou ao fim da 3ª jornada com tão poucos pontos: seis em 27 possíveis, e um rotundo zero por parte do Benfica, igualmente inédito.

A primeira ideia que transparece dos jogos de FC Porto, Benfica e Sporting é antiga. As distâncias estão maiores. Manchester United, Juventus e mesmo o inexperiente Leipzig são de outro patamar, ao qual os três maiores clubes portugueses dificilmente conseguem, ou conseguirão num futuro próximo, chegar.

As três derrotas aconteceram pela margem mínima, é verdade. Na Alemanha, duas bolas paradas equilibraram uma primeira parte de sentido único, o da baliza de José Sá, surpreendente titular por «opção técnica» de Sérgio Conceição. Um Leipzig voraz na procura da bola – exibição fantástica de Naby Keita –, e explosivo na saída para o último terço – com Forsberg a ditar leis – conseguiu desmontar com relativa facilidade um setor que se mostrou sólido em encontros de nível de exigência elevado já esta época. Na segunda parte, continuou a ser o conjunto da casa o mais perigoso, embora com um maior controlo e menor vertigem. Embora mais estável defensivamente, pouco trabalho o FC Porto conseguiu dar a Gulacsi.

Na Luz, todos os dedos parecem apontar para o jovem guarda-redes Svilar, que até mostrou personalidade e maturidade depois do erro infantil que cometeu. Pediu desculpa e deu a cara, ao falar abertamente sobre a falha. Só que, para mal do Benfica, foi bem mais do que Svilar o que aconteceu frente ao Manchester United. Não acertou uma bola na baliza de De Gea, e o mais perto que tal esteve de acontecer foi num remate de Salvio logo nos primeiros minutos. Os encarnados perderam intensidade demasiado cedo, e embora também mais controlados defensivamente, tiveram pela frente um Manchester United nunca verdadeiramente incomodado com o empate e, mesmo assim, quase sempre por cima no encontro. Foi bem mais do que um simples frango o que separou portugueses e ingleses.

Em Turim, o Sporting até marcou primeiro, num duplo erro, com autogolo em anexo, de Alex Sandro, e foi mantendo-se vivo até perto do fim. Terá havido alguma precipitação de Jorge Jesus na substituição de Fábio Coentrão, com eventuais consequências a nível defensivo e até ofensivo, e ainda uma excessiva dependência da Juventus das suas individualidades num momento em que o coletivo parece estar menos eficiente, mas os leões voltaram mais uma vez a ficar curtos. Numa exibição com algum paralelismo com a de Madrid, na última temporada, a distância continua lá. Não se esbateu.

FC Porto, Sporting e Benfica têm, já se percebeu, os oitavos de final em risco. No que diz respeito ao terceiro lugar e descida à Liga Europa como mínimo, dragões e leões apresentam vantagem pontual e de confronto direto sobre os atuais quartos classificados – inclusive depois de terem jogado no reduto destes. Já com o Benfica acontece precisamente o contrário. É ultimo, não pontuou, e perdeu em casa com o terceiro, o CSKA. Terá de ir buscar a qualificação para o mínimo exigido muito provavelmente a Moscovo, se já não chegar para outras contas. Mesmo que consiga a Liga Europa, a não passagem aos oitavos da Champions terá de ser considerado um enorme falhanço.