O Estoril conseguiu a mesma proeza do Barcelona e do Benfica: ganhar duas vezes ao FC Porto na mesma época.

Das três equipas, a formação ‘canarinha’ é a mais surpreendente do grupo, sem dúvida. E, no entanto, soube fazer por merecer as duas vitórias. No Dragão, para a Liga; e em casa, para a Taça da Liga, impedindo o FC Porto de lutar por revalidar um título que conquistou na época passada pela primeira vez.

É o segundo objetivo da temporada que a equipa portista deixa escapar, depois da Supertaça.

Recuemos, então, ao início da época, quando o FC Porto venceu vários jogos de forma sofrida, marcando nos últimos instantes, além de um empate com o Arouca.

A equipa estava em processo de reconstrução, depois de ter perdido Otávio e Uribe, motores do meio-campo. Duvidava-se da capacidade portista.

A Liga dos Campeões veio mostrar outra face dos ‘dragões’: mais competitivos, assertivos e eficazes. Com um pouco mais destes dois últimos aspetos, de resto, poderiam até ter alcançado mais frente ao Barcelona e já estar apurados para os oitavos de final.

Foram os diferentes desempenhos de FC Porto e Benfica na Champions que fizeram com que se discutisse tanto o futebol da equipa de Roger Schmidt e se falasse na capacidade de reinvenção de Sérgio Conceição, habituado a perder unidades nucleares e a refazer a equipa, com meios limitados.

Tudo isto é verdade. No entanto, é também certo que o FC Porto ainda não conseguiu ser convincente nas competições nacionais – exceção feita à Taça de Portugal, onde o primeiro teste sério chegará em janeiro, frente ao… Estoril.

As lesões têm fustigado o plantel portista. O ‘remendar’ constante da equipa pode ser parte da explicação para a falta de consistência. E há setores onde as alternativas não têm sido solução.

Os substitutos de Marcano e Pepe (quando não está) ficam abaixo das expetativas. David Carmo tarda em justificar o preço que custou.

E há outros casos: Grujic desperdiça cada oportunidade para corresponder à aposta que nele foi feita. Nico González (o de Barcelona e Valência) ainda não se viu. Ivan Jaime e Fran Navarro não aparecem de todo.

De todas as contratações, Alan Varela é mesmo reforço e Francisco Conceição faz por justificar o empréstimo do Ajax.

É curto.

Foi dito, no calor das assembleias gerais, que a equipa de André Villas-Boas tinha custado 50 milhões de euros. É possível, entre investimento e salários. Mas ganharam e deram retorno no mercado.

É impossível comparar essa realidade com a atual. Diogo Costa caberia nessa equipa. A melhor versão de Pepe também. João Mário, eventualmente. Depois, é difícil imaginar mais trocas.

Onde vai Sérgio Conceição encontrar soluções? Difícil perceber. Será entre os jovens do clube, como sugeriu após a partida na Amoreira? No mercado, em janeiro, se tiver condições para o atacar?

Janeiro está aí à porta e, até lá (e mesmo em janeiro) o FC Porto tem alguns testes cruciais para a persecução dos seus objetivos.

Bem precisa de mostrar a sua melhor face.