A última coisa que o futebol português precisava era de mais um interlocutor para o ruído e a polémica.

Não bastavam as poluentes trocas de galhardetes entre os três grandes, num ano em que se estão a ultrapassar todos os limites do bom senso e bom gosto, e até da mediocridade, agora o Sp. Braga também entrou na conversa.

De que o futebol português estava horrível já não havia dúvidas, e também era certo que não precisava de mais gente a juntar-se à festa. É estranho que ninguém tenha percebido ainda que nestas guerrinhas não há como ganhar, todos perdem.

Violência no futebol em 2018: resquício de um futebol tribal que se acha moderno. Aconteceu em Guimarães, desta vez. Reforço o desta vez. Aconteceu já, e poderia voltar a acontecer em qualquer outro local.

Se há coisa que não consigo entender neste ano de dois-mil-e-dezoito é o que leva um adepto a achar que um apertão a um jogador ou a um grupo determinado de jogadores muda alguma coisa de forma positiva.

Cenas que se repetem, ano após ano, e em clubes diferentes. Já aconteceu em qualquer um dos três grandes, por inúmeras vezes, e em tantos outros emblemas, dependendo do momento desportivo que atravessam.

Numa altura em que o jogo reclama modernidade, aceita um VAR perturbador no seu ritmo, absorve ainda mais profundidade tática, especificidade do treino e até qualidade individual, há quem ainda não entenda que os outros possam ser simplesmente melhores e que não basta correr e suar a camisola para ganhar jogos.

Ameaçar, insultar e agredir nunca poderão ser sinónimos de exigência nem de defesa do próprio clube. Pior, aumentam a pressão e a ansiedade, e não são mais do que tiros nos próprios pés, ao passar todos os limites do concebível. Pior é ter de, em pleno 2018, explicar isto.

Um futebol que se quer moderno não pode ter estes adeptos, e os clubes têm de percebê-lo. Devem proteger os atletas, os treinadores e os outros que realmente gostam do clube e do jogo. Não há, nem pode haver, meias-medidas.

Cenas inacreditáveis as passadas na Amoreira, e sobre as quais muitos já falaram e escreveram. Não me parece que tenham existido em nenhum momento razões para dúvidas.

Em caso de risco de segurança não pode haver hesitações, nem nunca em nenhum momento aquela bancada, mesmo que parcialmente, deveria ter sido novamente reaberta e preenchida.

Uma hora de espera para anunciar o óbvio é impensável. Felizmente, ainda foram a tempo de evitar colocarem-se a jeito de uma tragédia.

Os técnicos saberão agora tomar uma decisão técnica sobre a responsabilidade do ocorrido, e os órgãos competentes descortinar, a partir da mesma, se deve haver ou não consequências. De forma simples, estruturada, sem politiquices à mistura.