A derrota do SPORTING em Vila do Conde surge na sequência de declarações de JORGE JESUS. Uma delas sobre as dificuldades de mudança de chip, que se confirmaram nos Arcos. A outra, bem mais polémica e pouco apropriada, a sobrevalorizar a influência que um treinador (ele próprio) tem sobre a «melhor equipa» (a sua, porque treinada por si). O resultado acentuou negativamente essas palavras, uma vez que foi-lhe acrescentado o tom de lição de humildade.

Os leões perdem os primeiros pontos, sofrem a primeira derrota e entregam a liderança. À quinta jornada, não tem grande impacto. O Benfica está a apenas um ponto e mesmo que a distância fosse um pouco maior nunca haveria contornos de dramatismo.

Depois de uma grande exibição em Madrid, penalizada com derrota no final, houve certamente algum desgaste em algumas unidades e, também, a tal dificuldade na transição descendente de níveis de exigência e de gestão da adrenalina. É verdade que num ou dois momentos poderia ter marcado primeiro e o resultado teria eventualmente evoluído mais facilmente para um sentido favorável, mas mostrou-se incapaz de reagir ao primeiro golo vila-condense e ao contínuo avolumar do resultado.

Foi um Sporting diferente. Obviamente, para pior.

Também pareceu que olhando especificamente para o encontro dos Arcos, o Rio Ave pareceu mais preparado, mais trabalhado para o embate.

Primeiro, a atacar Bruno César, depois na forma como foi ultrapassando as barreiras que o meio-campo leonino costuma colocar às transições adversárias e, por fim, ao aproveitar as zonas descompensadas à frente de Rui Patrício. Gil Dias teve aí um papel importante, tal como as movimentações de Guedes e a presença de jogadores experientes como Yazalde e Tarantini.

Nuno Capucho ganhou claramente o duelo. O Rio Ave foi melhor equipa neste encontro.

Mais do que uma lição de humildade, Jorge Jesus ficou com a certeza dos custos de uma gestão precoce, que expôs algumas das zonas mais frágeis, como defesa e meio-campo. Apesar de claramente mais profundo, o grupo ainda precisará de mais trabalho – palavra cara a Jesus – para responder no seu todo ao mesmo nível.

O FC PORTO empatou perante um Tondela que já tinha complicado as suas contas no ano passado. O adversário, no plano ofensivo, não se esticou em campo, bem pelo contrário, e conseguiu suster o candidato com relativo à-vontade.

Houve, claro, duas ou três oportunidades claras desperdiçadas e, por isso, mesmo com pouca produção, poderia ter chegado para os três pontos. O «tem de fazer golo» que NUNO ESPÍRITO SANTO soltou no banco assenta bem aos vários momentos em que a festa passou perto, mas a verdade é que, tudo somado, foi muito pouco.

O treinador voltou ao 4x4x2 com Depoitre e André Silva, entregou a ala a Brahimi e a Otávio, e André André fez dupla com Rúben Neves. Os dragões abusaram do jogo direto, e chamaram em surdina por Oliver do primeiro ao 56º minuto. Tal como Adrián López deu razão à lógica de fazer mais sentido que o concorrente belga assim que entrou em campo. No entanto, foi curto. Deu nulo, e sinais inquietantes para o futuro.

Na Madeira, o NACIONAL somou os primeiros pontos às custas do MARÍTIMO, que até aí só tinha uma vitória. Se os alvinegros têm ainda como atenuante as muitas lesões que afetaram a equipa, os rivais já deram razão a quem criticava um certo regresso ao passado com a aposta no treinador brasileiro Paulo César Gusmão, primeira chicotada na época. Carlos Pereira não quis esperar e emendou a mão antes que fosse tarde. Para já, um arranque dececionante de ambos os emblemas.

No plano internacional, JOSÉ MOURINHO voltou a perder. Terceira derrota seguida, depois de City e de Roterdão para a Liga Europa. Os primeiros resultados camuflaram a ideia de que falta ainda muito trabalho ao Manchester United, sobretudo quando confrontado com os principais rivais na luta pelo título. Além disso, a discussão à volta da utilidade de Wayne Rooney enquanto falso dez ou mesmo a presença de Fellaini, há muito patinho-feio para os adeptos, promete alastrar. Se o inglês acrescenta muito pouco na ligação com o meio-campo, o belga é mais uma má sombra de Pogba ou um acrescento físico do que propriamente alguém que traga ideias. Além disso, se olharmos ao investimento feito, a verdade é que persistem as lacunas sobretudo no eixo defensivo.

Falta o fator-Mourinho ao Manchester United. E será o próprio a ter de reencontrá-lo.

Também o VALENCIA somou quatro em quatro em derrotas. A crise vai longa, e há muito que se perdeu a luz ao fundo do túnel. Tempos difíceis para João Cancelo e Nani.

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LUÍS MATEUS é o Diretor do MAISFUTEBOL e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».