O caso Laurent Depoitre.

O FC Porto encontrou no Gent mais um ponta de lança para o plantel. Alto, possante, com bom jogo aéreo, assume-se como alternativa a um mais móvel e técnico André Silva (que grande pré-época!) e reduz, pelo menos, o espaço de Aboubakar, que estará a meio-caminho entre os dois perfis e carrega há algum tempo o rótulo de saída do Dragão.

O presidente Pinto da Costa entregou o ónus da contratação ao treinador, porque este «era o jogador que Nuno queria» e ele nem o conhecia.

Como curiosidade, Depoitre, uma vez internacional no concorrido ataque belga, marcou 14 golos em 35 encontros da liga do seu país, mais um na supertaça e outro na Champions. Nesta época, assinou um dos cinco com que o Gent brindou os romenos do Viitorul na terceira pré-eliminatória da Liga Europa. E é aqui que o reforço se torna dor de cabeça, embora possa, reconheça-se, ser momentânea.

Os regulamentos dizem que um jogador utilizado numa pré-eliminatória por um clube não pode ser utilizado por outro noutra pré-eliminatória, seja dessa competição ou de outra da UEFA – da Liga dos Campeões para a Liga Europa e vice-versa –, incluindo play-off. Logo, jogando pelo Gent, Depoitre não pode alinhar frente à Roma pelo FC Porto, embora possa ser inscrito depois para a fase de grupos.

Os dragões inscreveram Depoitre, retirando Aboubakar, que já não devia ser o jogador mais feliz do plantel, depois de ter ficado de fora da partida de apresentação, e que agora terão eventualmente de recuperar para o embate com os italianos. Se antes não for vendido.

O FC Porto terá contratado o belga para ser opção já, e ganho consciência um pouco tarde da situação regulamentar do mesmo.

Nuno Espírito Santo até poderá nem precisar do futebolista para chegar à fase de grupos perante a forte (e novamente consistente?) Roma, mas não deixa de ser uma situação estranha, de gestão muito difícil de explicar. Apesar da tentativa. 

LUÍS MATEUS é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».