O retomar de um assunto recorrente: o mau momento do Benfica.

A derrota dos encarnados em Moscovo, que afasta a equipa de Rui Vitória automaticamente das duas competições da UEFA e que a coloca à beira da pior participação portuguesa de sempre, é a confirmação da falta de consolidação do conjunto. Abandonado o 4x4x2, temporariamente ou em definitivo, este 4x3x3 órfão talvez da sua última réstia de esperança e extra em criatividade – que reside num tal de Krovinovic –, também falhou frente ao CSKA.

Perante a necessidade de ganhar e por muitos, o Benfica perdeu e bem. Nem chegou perto. O que é válido para o jogo, mas também para qualificar a candidatura ao apuramento. Nunca chegou perto, num grupo em que tinha obrigação de se qualificar. O fracasso é, repito, total.

A única jogada decente que terá construído reside numa finalização infeliz de Jonas. Consentiu dois golos de forma demasiado fácil e infantil. É verdade que os nomes ajudam a consolidar processos, mas a verdade é que o básico desses mesmos processos defensivo e ofensivo carecem de ainda mais trabalho e, sobretudo, ideias. 

Os encarnados – e parece mais do que provado que terá havido excesso de confiança na abordagem da temporada sobretudo do meio-campo para trás – têm perdido um em cada três encontros desde que começou a Liga dos Campeões, e o Dragão, um Dragão ainda mais inflamado que antes, apresenta-se daqui por uma semana a não dar tempo para lamber feridas.

Estabilizar, em nomes e em sistema, mas sobretudo em resultados e exibições, é o que se espera de uma equipa que assumiu uma candidatura ao penta, mas que aparece há já várias semanas como apenas o terceiro favorito na corrida.

Thiago Alcântara obviamente não tem culpa, mas é uma pena o que está a acontecer à carreira de um dos jogadores com maior talento da atualidade. A culpa é das lesões, muitas, algumas longas outras mais curtas mas recorrentes, que não nos permitem ver com continuidade um dos predestinados do jogo. Já tinha perdido 5 jogos esta época, agora deverá falhar mais dez, até janeiro. Depois dos problemas nos ligamentos, agora chegaram as questões musculares. Merece mais sorte.

O futebol português não mudou numa semana. É assim há anos. É assim desde que sou jornalista, e já lá vão mais de duas décadas. Umas vezes um pouco mais respirável outras menos, como agora. Entre acusações diretas que metem tudo ao barulho, tenham ou não fundamento – e isso, mais uma vez, cabe às autoridades averiguar –, embrulham árbitros, e quem estiver pelo meio ou mesmo quem não esteja e não queira estar.

Percebo a ameaça de greve, entretanto adiada, acho até que seria desnecessária. Basta que Liga e Federação deixem de assistir do sofá fingindo não ter responsabilidades no assunto e tomem medidas. Medidas concretas, que de facto ponham ordem no estado de coisas e castiguem quem incendeia o desporto de que gostamos e muito.

Até lá, pensemos em coisas menos tristes.