Ponto prévio: Benfica e FC Porto estão muito a tempo de corrigir as derrotas sofridas na estreia da Liga dos Campeões.

O Besiktas foi, afinal, o primeiro grande teste ao FC Porto neste início de temporada. Os turcos, talvez o adversário mais complicado dos três que defrontaram equipas portuguesas nesta primeira jornada, tiveram mais qualidade na saída do que a maior parte dos opositores internos já defrontados pelos dragões, e sobretudo apresentaram melhores finalizadores: em quatro remates à baliza, fizeram três golos. Recorde-se: o FC Porto ainda não tinha sofrido nenhum. O resultado foi uma derrota, por 3-1.

A equipa de Quaresma, Pepe e Talisca teve obviamente alguns momentos de sofrimento, mas soube não se deixar estrangular e sair com critério. Aquela ansiedade toda do outro lado, especialmente quando se viu a perder pela segunda vez, transformou-se em sofreguidão, e em finalizações sem nexo. Algo a precisar de trabalho por parte de Sérgio Conceição.

A ideia de jogo do FC Porto falhou na imaginação a atacar, na frieza a atirar à baliza, e na capacidade de envolver e conter o Besiktas longe da sua área. Este último aspecto até tem sido um dos seus pontos fortes, mas a verdade é que até aqui tinham surgido alguns sinais anteriores de falta de consistência na transição defensiva. Tal como o tinha já escrito neste mesmo espaço.

O ataque, sem o castigado Aboubakar, precisamente por uma expulsão ao serviço do Besiktas, não foi capaz de criar mossa numa defesa liderada por Pepe, que nem precisou de ser um rochedo para garantir os três pontos. Óliver Torres, estranhamente, saiu ao intervalo, quando até estava a ser dos mais irreverentes, tal como Corona. Brahimi foi do início ao fim o único foco de instabilidade para o conjunto de Istambul, e foi pouco.

O plantel extremamente magro do FC Porto é curto para a Liga dos Campeões? Assim parece, mas não é justo avançar já com essa conclusão. Mas, sim, parece curto sobretudo aquele meio-campo a dois, também ponto de honra de Benfica e Sporting, e mais ainda em fases mais adiantadas da competição. Para já, num grupo tão equilibrado e antes da visita ao Mónaco, as primeiras notas são negativas.

No caso do Benfica, os problemas eram esperados, sobretudo a nível defensivo. Foram demasiadas mudanças e, mais do que a qualidade não substituída, o perfil de jogador alterou-se. Bruno Varela, a quem não se pode apontar para já erros de palmatória, não é Ederson a cobrir o espaço atrás do eixo defensivo, num setor igualmente a jogar uma mudança abaixo desde a saída de Nélson Semedo. Lisandro López, após tanta intermitência de utilização nos últimos anos, foi ainda deslocado para o lado esquerdo da defesa por culpa de Luisão, tal como tinha acontecido com Lindelof (com Jardel alinhava à direita).

Há muito para acertar em pouco tempo, e a facilidade com que a equipa sofre golos é evidente. A isto se junta mais um período de ausência de Fejsa, que nem Samaris nem Filipe Augusto fazem esquecer. De todo.

No ataque, se há aí também falta de laterais ofensivos – Grimaldo só agora está de volta –, e que ajudam a explicar em parte a quebra de dinâmica, Jonas está longe de aparentar frescura, tal como a ligação, de sistema de nervoso central, com Pizzi. Zivkovic aparenta ser uma boa notícia para Rui Vitória, pelo menos melhor do que Cervi e do que o cada vez mais apagado Rafa. Na frente, Seferovic tem feito o seu papel.

Tal como no caso do FC Porto, embora por outras razões, o Benfica dificilmente transplantará o modelo da Liga – e no qual já tem manifestado algumas fragilidades – para as exigências da Liga dos Campeões. Ainda mais depois de tantas mudanças, sem Fejsa, e com Jonas e Pizzi a este nível. Será que não é altura de tentar outras soluções? Krovinovic não poderia ter ajudado, tivesse sido inscrito, de alguma forma? Não poderá ajudar na Liga?

Volto ao ponto de partida. FC Porto e Benfica estão muito a tempo de corrigir os respetivos resultados, mas não começou nada bem. A exigência europeia está a colocar em xeque, desde o início, as ideias de jogo utilizadas no campeonato.