Sempre que precisamos de salientar o lado agradável do futebol falamos em Inglaterra. É assim pelo menos desde que os ingleses conseguiram controlar o hooliganismo.

A Premier League é o campeonato que todos admiramos. Inglaterra é o país onde gostaríamos de passar a vida a ver futebol, ler futebol, escrever futebol.

Precisar de acreditar que coisas boas acontecem é apenas humano. A nossa ideia de olhar para Inglaterra e ver o futebol quase perfeito, o futebol bem comportado, o futebol do respeito é, sabemo-lo, apenas uma ideia bonita que, infelizmente, de vez em quando é driblada pela realidade.

Um treinador que dá uma cabeçada num jogador, durante uma partida de futebol, é uma imagem que não esperaríamos num jogo da Premier League. Talvez mais: é algo que encaramos com entediada curiosidade se proveniente da América do Sul, mas que nos incomoda se chega da ilha. E no entanto é isso que corre mundo desde este sábado à tarde.

Pardew agrediu David Meyler, jogador do Hull City, com uma cabeçada.

Um gesto assim, tão violento, causa dano profundo à imagem de uma competição. Além do prejuízo que significa para o clube e para o treinador, claro. Enquanto nos lembrarmos daquele momento de Pardew teremos difculdade em usar o bom exemplo inglês sem corar.

Acontece que se nós sabemos que coisas destas têm um custo elevado, eles também sabem. Por isso agem depressa. 

O treinador pediu logo desculpa.

Poucas horas depois do episódio, o clube condenou sem hesitações o comportamento de Pardew e multou-o em 120 mil euros. E aposto com vocês que a Premier League não demorará muito a puni-lo também.

E é por isto que mesmo quando algo corre muito mal em Inglaterra, apesar de tudo há esperança. Eles sabem como isto se trata e têm uma regra, que tentam preservar acima de tudo: nada é mais importante do que a competição. Afinal, é esse o produto que têm para vender.

PS: Em Portugal sabemos também como seria. Já tivemos parecido.