O último erro que um adepto admite é sempre um que ele próprio cometeu.

Antes, estão os dos seus.

E ainda mais para trás os que consideram uma espécie de família, o seu clube e as gentes do seu clube.

Essas são as suas prioridades.

Para chegarem ao erro do seu clube e dos seus dirigentes, há que subir vários degraus bastante íngremes.

Primeiro, erram os outros.

O árbitro. O vídeo-árbitro. Agora, os jogadores rivais.

É verdade que para se chegar até aqui foi preciso criar a dúvida, e aí a culpa é dos dirigentes e do clima de promiscuidade que existe entre os grandes clubes e os outros agentes do futebol quase desde sempre.

Tudo isto é demasiado mau.

Temos um problema grave de cultura, ou falta de cultura desportiva. Temos péssimos dirigentes, e sobretudo uns muito pouco corajosos. Pouco sabem de bola, e os que sabem, se é que existem, nada mais acrescentam ao jogo do que poeira e ruído.

Se os adeptos e os dirigentes gostam pouco do jogo, por que continuam a ser estes que tomam as decisões?

Pelo contrário, se são os jogadores e os treinadores aqueles que mais gostam do jogo não deveriam ser estes a tomar as rédeas do futebol português?

O Bayern, um dos maiores clubes do planeta, é a prova de que é possível.

Claro que não é só sair do relvado, pendurar as botas e sentar num gabinete. Afinal, não é só futebol, há questões de gestão, comerciais, marketing e financeiras que precisam de um certo grau de conhecimento. Contudo, quem melhor protegeria o jogo do que jogadores e treinadores?

Haveria decisões erradas, claro, como existem hoje, mas tenho a certeza de que haveria menos ruído, menos polémica, e uma maior defesa do que se passa em campo.

Fica a reflexão.

P.S. Já escrevi várias vezes sobre o Sporting, que ficou muito longe do título depois da derrota em Braga. A quebra era algo que se adivinhava há várias semanas face ao rendimento da equipa. Gelson Martins, embora de forma intermitente, Bas Dost e, sobretudo, Bruno Fernandes, foram os alicerces da candidatura durante quase todo o tempo, mas insuficientes para suportá-la até ao fim. O resto da equipa joga a uma velocidade diferente. Bruno Fernandes foi o melhor que podia ter acontecido ao Sporting. Estará certamente no final no pódio dos melhores da Liga.