Rúben Neves não é, nem nunca foi, um jogador qualquer.

Estreia-se a marcar aos 17 anos e cinco meses. Escreve história logo no primeiro dia, é a partir desse momento o mais jovem de sempre a assinar um golo pelo FC Porto.

Vira a página pouco tempo depois, torna-se o mais jovem capitão do clube em competições da UEFA, frente ao Maccabi de Telavive, na Liga dos Campeões.

Chega à Seleção principal.

Rúben Neves anda por cá desde 2014/15, há três (!) épocas. Tem 20 anos.

Era já aos 17 um jogador maduro. Inteligente, com enorme qualidade no passe, longo e curto, e poder de fogo de média distância. Um talento precoce, com um potencial enorme.

A partir do momento em que contrata Danilo, o FC Porto tem imediatamente noção – e não é de acreditar noutra lógica – que acaba de bloquear o caminho ao seu médio mais promissor. O meio-campo portista ganha pulmão, poder de choque, capacidade de quebrar linhas na transição para o ataque e, inclusive, poder aéreo nas bolas paradas. Rúben Neves é um jogador diferente.

Não melhor ou pior, apenas diferente. O destino parece traçado.

Vi muitos anos um tal de Pirlo jogar atrás de dois pitbull, Ambrosini e Gattuso, e com Seedorf como apoio, para não acreditar que Rúben Neves, num futebol bem menos tático, pudesse ser enquadrado de forma diferente num 11 portista. Os bons jogadores, e um talento como o seu, merecem-no sempre, sem dúvida.

Depois de tanto tempo sem jogar de forma continuada a saída torna-se inevitável. Só não se percebe, desportivamente, o destino: um tal de Wolves, onde mora um tal de Nuno Espírito Santo, que também preferiu Danilo, num tal de Championship, bem menos evoluído do que a Premier League para um jogador tão técnico. Reforço o desportivamente.

Mesmo que venha a ser um estágio de um ano, montra para um clube melhor em Inglaterra, tenho a certeza de que Rúben Neves podia aspirar a mais.

O mesmo escrevo para Diogo Jota, com uma ligeira diferença nas expetativas. O ex-Paços foi-se apagando na última época com a chegada de Tiquinho Soares, mas não terá sido um ano falhado, bem pelo contrário, sobretudo quando o ponto de partida era o Paços de Ferreira, com uma passagem breve pelos treinos do Atletico Madrid. Também ele merecia mais do que o segundo escalão britânico.

O peso do triângulo Jorge Mendes-Nuno Espírito Santo-Wolves fez inclinar uma balança que normalmente não inclinaria para esse lado. Também por isso, digo que continua a pensar-se muito pouco em quem realmente interessa. Os jogadores.