Meados de março, e não há equipas portuguesas nas provas europeias.

Dramaticamente, já se perdeu uma em 2018/19, na Liga dos Campeões. De três Portugal passou a duas. De duas diretas, o campeão passará a entrar na fase de grupos e o segundo classificado na terceira pré-eliminatória, e com o play-off ainda pelo caminho.

Benfica ou FC Porto dificilmente podem aspirar a melhor do que os oitavos de final na Liga dos Campeões, a não ser que se conjuguem muita felicidade no sorteio com tempos de fragilidade de algumas das principais equipas. Não aconteceu, e Dortmund e Juventus foram claramente mais fortes.

A limitação é um sinal dos tempos. De serem clubes vendedores, de não conseguirem manter vários anos jogadores de grande qualidade e também referências sobre as quais construir as futuras equipas. De acordo com o recente relatório do CIES – Observatório do Futebol mudar pouco está ligado a um maior sucesso. Se isso foi comprovado nos campeonatos nacionais pelo mesmo estudo, facilmente se estende para as provas continentais.

O quadro negro dos seis clubes portugueses

Também o Sporting, por fazer parte das equipas com menor ranking, teria à partida, saindo de um pote 3, dificuldades em seguir para os oitavos de final. Real Madrid e (novamente) o Dortmund são e foram muito superiores. Sim, houve a exibição leonina no Bernabéu, mas a qualidade individual foi fundamental também nesse jogo.

O fracasso leonino vem com o Legia. A depender de um empate, perdeu na Polónia e nem se apurou para a Liga Europa.

É essa a competição, face à presença massiva das melhores equipas na Liga dos Campeões, que tem sido, e deverá continuar a ser, a praia dos portugueses. Onde pode de facto chegar mais longe, e até lutar por um título. Aconteceu recentemente com o Benfica, um pouco mais atrás com FC Porto e Sp. Braga.

Não é, por isso, normal que Portugal não tenha, nesta altura, uma equipa na Liga Europa.

O que nos leva também ao Sporting de Braga. Com Gent, Shakhtar e Konyaspor somou apenas uma vitória, frente aos turcos, e caiu na fase de grupos. Também os minhotos fracassaram, e não confirmaram o crescimento que, ao fim destes anos, já lhes é exigido.

Com menores ambições, o Arouca obrigou o Olympiakos a um prolongamento, depois de eliminar Heracles, o que deve ser sublinhado pela positiva. O Rio Ave caiu perante o Slavia Praga graças a um golo marcado em Vila do Conde pelos checos. Ficaram pelas pré-eliminatórias, mas a expetativa não pode ser ainda da mesma ordem de grandeza que acompanha os restantes «colegas» europeus.

Portugal perdeu uma equipa, e partirá no próximo ano muito atrás da Rússia, sexta classificada e com três formações na Liga dos Campeões a partir de 2018/19. Isto porque fica sem os dois pontos de vantagem que tinha adquirido em 2011/12 – a partir daí fez sempre pior que a Rússia –, e a distância ainda pode aumentar porque Rostov e Krasnodar ainda continuam em prova.

A recuperação imediata será complicadíssima, e os próximos tempos adivinham-se muito difíceis. É necessário recuperar terreno o mais depressa possível, ou seja, continuar a estar nos oitavos da Champions e ir longe na Liga Europa.