Talisca viu o amarelo bem cedo nos Barreiros e estava automaticamente de fora do jogo de Paços de Ferreira, na Liga. Mas a partida ainda não tinha acabado. Ainda havia um se.

Carlos Xistra perdoou-lhe (mal) o segundo amarelo ainda antes do intervalo, situação que, na altura, poderia ser complicada de gerir por parte do Benfica, que apenas vencia por 1-0.

A reação lógica de um treinador seria deixá-lo nos balneários no regresso ao relvado, mas não foi isso que aconteceu.

Jorge Jesus confiou no seu jogador primeiro, depois, com o passar do tempo, adiantou-o no relvado para expô-lo a menos intervenções defensivas e, por fim, jogou a carta que tinha na manga para os minutos finais.

Ordenou a Talisca que fizesse falta para amarelo, a fim de ver o segundo e ser expulso. Isso faria com que o médio falhasse o jogo da Taça da Liga e não a visita a Paços. 

É verdade que correu bem. No entanto, podia ter corrido mal. A falta foi dura, bem dura, e talvez merecesse o vermelho direto, que poderia colocar o futebolista de fora de mais do que um jogo.

Mas, mais do que isso, e depois de já ter acontecido situações semelhantes em outros campos, é fundamental fazer novamente a pergunta: faz sentido que os castigos de uma competição atravessem outras, e permitam este tipo de truques sempre que interessa?

P.S. Uma passagem por Alvalade. Inacreditável a atitude dos jogadores do Rio Ave depois do penálti assinalado a favor do Sporting. A jogada dividirá opiniões ao longo dos próximos dias, mas nada justifica a atitude de jogadores experientes como Tarantini, que não pode enfrentar o juiz da partida, Nuno Almeida, daquela forma.

Não foi um bom fim de semana para a arbitragem na Liga portuguesa, com muitos casos em vários campos do país. E nenhum dos grandes pode apontar o dedo aos outros sem primeiro olhar para si. 

Luís Mateus é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no Twitter.