A 8 pontos do topo – que são nove por culpa da desvantagem no confronto direto – e a nove encontros do final, o Sporting da Liga 2017/18 enquadra-se no patamar da desilusão.

Em ano de desinvestimento dos rivais, quem não esperaria mais da equipa de Jorge Jesus no campeonato, o seu principal objetivo?

Primeiro, os resultados. Empates em Moreira de Cónegos (1-1), em Alvalade frente a FC Porto (0-0) e Sp. Braga (2-2), na Luz com o Benfica (1-1) e no Bonfim perante o V. Setúbal (1-1). Derrotas no Estoril (2-0) e, agora, no Dragão (2-1). 16 pontos perdidos.

No Estádio do Dragão, o Sporting até pode reclamar que os dragões não foram superiores, e o empate até seria mais justo, face às oportunidades criadas no fim e até ao equilíbrio no número das mesmas. Só que não pontuou. No clássico em que até esteve melhor o resultado foi mesmo o mais negativo da época. 

Depois, o sofrimento em demasiado jogos, com golos já em tempo de compensação: vitória na Feira (2-3) com um penálti convertido por Bas Dost; o tal empate com o Sp. Braga salvo por Bruno Fernandes também dos 11 metros; o golo de Coates em Tondela (1-2); e o remate feliz de Gelson, com ressalto, frente ao Moreirense (1-0).

Não é que os rivais não tenham também esticado uma ou outra decisão até ao limite, mas os leões estiveram aflitos em bem mais ocasiões.

A seguir, a qualidade de jogo. Ao contrário dos rivais, há muitas jornadas que o Sporting fica a dever a si próprio uma exibição de gala.

É verdade que tem sofrido recentemente com algumas lesões em jogadores nucleares, como Gelson Martins e Bas Dost, mas os leões investiram e muito na profundidade do plantel – mais de 48 milhões, um pouco menos do que o ganho em vendas, cerca de 50 –, ao ponto de se esperar uma resposta diferente nas alturas mais complicadas.

Até a aposta em Rafael Leão, um jovem de enorme talento e que poderá ser em breve uma das figuras da equipa, ajuda a contribuir para cimentar essa ideia. Com a lesão de Gelson Martins, o plantel perdeu grande parte da sua profundidade no ataque, tal como os problemas de Bas Dost deixaram a equipa sem uma presença forte na área, sobretudo no jogo aéreo. Muitos milhões depois, continuam a faltar soluções. Leão surge na partida por culpa da lesão de um Doumbia desastrado, com Montero, que ainda pouco contribuiu para o conjunto neste seu regresso, sentado no banco. 

Além disso, o que dizer de FC Porto e Benfica, também com baixas importantes ao longo da temporada?

A menor fluidez do jogo leonino chegou a levar Jorge Jesus a falar num estilo de jogo mais à-italiana, com menor número de oportunidades criadas, mas uma maior eficácia à frente da baliza. Só o maior dos optimistas poderia achar que era só isso que se passava.

Se para o título qualquer reação parece, em teoria, tardia, o segundo lugar ainda está bem ao alcance dos leões, a três pontos de diferença do Benfica, que ainda por cima visitará Alvalade até ao final da competição. Em jogo, está a possível entrada na Liga dos Campeões, e milhões importantes para os cofres leoninos.

Há ainda a Taça de Portugal, embora a desvantagem de um golo para o FC Porto não pareça fácil de recuperar, tal o moral angariado pelos dois conjuntos e analisados os confrontos anteriores, e a Taça da Liga conquistada, que só por si não chegará para deixar ninguém saciado.

Uma última palavra para Bruno Fernandes, o mais consistente jogador leonino ao longo da temporada, e que mais uma vez voltou a sobressair, agora no Dragão. É à volta do médio ex-Sampdoria que o Sporting constrói a maior parte das iniciativas atacantes, ao ponto de ser o mais provável rival de Jonas na altura de escolher o melhor jogador do campeonato. Uma época impressionante a todos os níveis.