O clássico, do lado do Benfica, terá certamente um réu: Rui Vitória. Serão poucos os que não apontarão o nome do treinador do Benfica, depois da derrota na Luz frente ao FC Porto, que poderá bem ter acabado com os sonhos de penta dos adeptos do clube e entregue o título aos dragões.

Depois de uma primeira parte em que foi superior, o técnico viu a equipa quebrar de intensidade no segundo tempo e perder discernimento. Aparentemente, tratava-se de uma quebra física – o rasto da primeira parte incrível de Fejsa começava a diluir-se –, embora a equipa não se mostrasse inteligente nessa gestão em particular, abusando do pontapé para a frente sem nexo, entregando a bola e tendo de correr depois atrás da mesma.

O FC Porto voltou do intervalo revigorado e teve as melhores oportunidades, já o Benfica raramente incomodou Casillas.

Rui Vitória foi o primeiro a ficar confortável com o 0-0, que mantinha os encarnados na frente do campeonato, embora com o dérbi de Alvalade pela frente. O técnico, aceitando o nulo, embora ficasse apenas dependente de si próprio, teria sempre logo ali uma montanha enorme por escalar. Porque, afinal, a oportunidade era de valor: vencer o rival e ficar com quatro pontos de vantagem a quatro jornadas do fim.

Dos bancos surgiam mensagens bem diferentes.

Vitória enviava a mensagem aparentemente errada à equipa. Rafa, que estava a ser o único capaz de levar a bola dominada para a frente, saía para dar o lugar a Salvio, quando Cervi estava claramente em baixa (66); depois, Cervi por Samaris (74); e, por fim, Pizzi por Seferovic (87), ficando a equipa órfã de organizador (Zivkovic estava já encostado à esquerda), mas com dois avançados, o suíço mais recuado. Do outro lado, Conceição acrescentava sempre mais qualquer coisa ao 11 que tinha em campo: Sérgio Oliveira por Óliver (74), Otávio por Corona (80), Soares por Aboubakar (83).

Fiel à sua filosofia, o FC Porto chegou ao golo ao minuto 90 e encomendou as faixas do campeonato. Ganhou moral suficiente para chegar ao triunfo no fim.

O Benfica, depois de tudo o que os rivais lhe deram em jornadas anteriores, só se pode queixar de si próprio. Na verdade, pôs-se a jeito, e acabou por pagar por isso.

Do estatuto de réu Rui Vitória já não se livra, se é culpado ou não caberá a outros decidirem.