Luís Castro considera que a diferença atual que existe no futebol português exige reflexão por parte dos responsáveis. Lembrando a clivagem entre o terceiro, Sporting, e o sexto, o seu Chaves, equipas que se defrontam esta segunda-feira, o treinador alertou para os problemas que considera que têm de ser resolvidos neste negócio.

«Entre o terceiro e o sexto lugar há uma diferença de 23 pontos. Quando se pensa que o terceiro vai jogar ao terreno do sexto pensa-se num jogo equilibrado, com muitas hipóteses de o sexto ganhar, mas convém lembrar a diferença pontual. Do terceiro para o quinto são 22 pontos. Há uma clivagem e uma bipolarização do campeonato, motivada por um conjunto de fatores que seria bom o futebol português analisar», defendeu Luís Castro em conferência de imprensa.

O técnico continuou a análise dizendo que Portugal é o único campeonato de topo na Europa onde apenas os quatro primeiros classificados têm saldo positivo de golos.

«O quinto classificado em golos marcados e sofridos tem índice negativo. Daí para baixo todos negativos. Não se passa em mais nenhuma Liga europeia. Até na Arábia Saudita têm melhor. Chegamos a isto», lamenta.

Questionado sobre outros problemas do futebol português, dissertou: «Há clubes na Liga que não têm condições para trabalhar no dia a dia, em termos de infraestruturas. Não podemos tentar maquilhar o futebol português, temos de o pensar. Mas de forma profunda e em que o único interesse seja desenvolver o futebol.»

«Ontem fui ver as notícias nos jornais sobre o Chaves. Eram seis linhas. E depois querem que sejamos heróis por um dia. Querem que encontremos estratégias mirabolantes para parar esta diferença. As mesmas pessoas que querem que paremos esta diferença, são as mesmas que nos deitam ao abandono durante meses», acusou. «O mundo está muito hipócrita. É preciso dar um passo de gigante rumo à verdade. Não digo igualdade, porque há equipas num patamar acima devido à base social. Sabemos disso. Vamos tomar isso como verdade e vamos olhar de forma diferente», encerrou, sobre o tema.

Sobre o jogo, Luís Castro garantiu que, apesar do discurso, o Chaves «não está entregue». «Vamos a jogo e vamos querer ganhar. Mas não podemos tentar procurar uma fragilidade no adversário quando ela não existe», atirou.

«Queremos pontuar, mas a desigualdade é enorme. Vamos tentar esbatê-la através do nosso jogo. Na primeira volta tivemos um resultado amargo, perdemos por cinco e queremos dar outra imagem», finalizou.