Concluídos que estão os oitavos de final há um estreante entre as oito melhores seleções europeias e o campeão em título saiu de prova ficando certo que vai haver um novo Campeão da Europa. Não foi pouco para o que aconteceu nesta segunda-feira.

A FIGURA: Lars Lagerbäck

E pronto. Lars Lagerbäck aumentou para sete o número de vezes em que defrontou a Inglaterra e nunca perdeu – agora está com três vitórias e quatro empates. O selecionador sueco da Islândia já é uma das figuras deste Europeu colecionando façanhas atrás de façanhas – esta última a maior e mais surpreendente de todas.

A Islândia está nos quartos de final do Euro 2016, está entre as oito melhores seleções da Europa. Se houver alguém que discorde não será seguramente inglês...

Lagerbäck e a sua Islândia adicionaram mais um capítulo a uma história fantástica em vários momentos. Tudo começou ainda na fase de qualificação, claro. O selecionador sueco levou os islandeses ao segundo lugar do Grupo A (atrás da República Checa), que garantiu o apuramento direto para este Euro 2016.

Já nesta fase final, a Islândia não se estreia numa grande competição de seleções empatando com Portugal, como também empata com a Hungria e como consegue a primeira vitória num torneio desta dimensão.

O resultado foi, como se sabe, o apuramento para os oitavos de final à frente de Portugal indo ao encontro ao adversário mais difícil que se cruzava com os apurados do Grupo F. De inédito em inédito, os passos da Islândia no futebol europeu refletem o pragmatismo do seu treinador.

Tudo começa na organização defensiva para atacar quando se pode, ou tem mesmo de ser. É uma seleção que ainda não perdeu neste Europeu e que virou o resultado com a Inglaterra. Lagerbäck é a serenidade no banco que deixa aos seus jogadores a emoção de viverem em campo o que nenhum compatriota antes conseguiu.

E a emoção islandesa voltou a ouvir-se bem alto nos relatos...

O MOMENTO: Buffon sentencia a eliminatória

Entre as defesas que são como golos marcados esta é uma delas. Já se jogam os últimos dois minutos antes dos descontos. A Espanha está a perder com a Itália e prestes a ser eliminada do Euro 2016.

De Gea marca um livre quase no centro do terreno. Bola para cima da área adversária. A defesa italiana alivia mal, alivia para trás. Piqué recebe um presente dos céus, fica frente a frente com Buffon e remata.

O capitão da Itália foi buscar a bola e impediu o empate. Sentenciou a eliminatória, como se tivesse marcado o segundo golo italiano e abatido de vez a resistência espanhola em deixar o Europeu.

Pouco depois, no primeiro minuto de compensação, Pellè transformou a metáfora em realidade.

A IMAGEM: o ponto final nas páginas escritas a ouro

Iniesta, Piqué... Casillas já viveu a desilusão no banco de suplentes... Acabou para a melhor geração do futebol espanhol.

O ponto final nas páginas escritas a ouro começadas a escrever em 2008 foi colocado nesta segunda-feira pelas mãos dos italianos. Campeões europeus e mundiais em simultâneo, os espanhóis tiveram a primeira parte da despedida desta seleção vitoriosa no Mundial 2014.

Mas ainda eram bicampeões europeus em título. A última despedida foi feita agora, com o adeus ao euro 2016 e o regresso ao patamar dos mortais, a partir de onde tudo começará do zero para uma seleção que ganhou três grandes títulos (entre europeus e mundiais) nos últimos cinco torneios.

O FACTO: o grupo da morte pariu um rato

Ninguém tinha grandes dúvidas em considerar o grupo D do Euro 2016 o mais forte do torneio. Incluindo duas antigas campeãs europeias (Espanha e Rep. Checa), uma Croácia recheada de talento e uma Turquia sempre competitiva, era, claramente, o grupo mais nivelado por cima do torneio.

Ora, entre as oito melhores equipas do Europeu não está nem uma do chamado «grupo da morte». República Checa e Turquia nem sequer chegaram aos oitavos de final, Croácia e Espanha foram derrotadas nessa fase, respetivamente, por Portugal e Itália.

Olhando para a história do Europeu desde que foi alargada a quatro grupos, ou seja, em 1996, só nessa edição e em 2000 um dos finalistas saiu daquele que era encarado como o grupo mais forte. Falamos da França, que foi campeã europeia, depois de passar (curiosamente em segundo) o grupo mais forte desse torneio que juntava quatro (!) antigos campeões europeus (França, Holanda, Dinamarca e República Checa).

No Euro inglês foi-se ainda mais longe. Os finalistas (Alemanha e Rep. Checa) saíram do grupo que ainda tinha a Itália, vice-campeã do mundo, e a Rússia.

Diferentes foram as histórias de 2004 e 2008. No Euro português, o quarteto mais forte seria o do grupo B, muito pela presença de França e Inglaterra, mas também Croácia e Suíça. Franceses e ingleses seguiram em frente mas caíram logo a seguir. O mesmo aconteceu em 2008 quando Holanda e Itália se apuraram no grupo que ainda tinha França e Roménia para serem eliminadas na ronda seguinte.

Por fim, em 2012, Alemanha e Portugal foram até às meias-finais depois de sobreviverem a um grupo que tinha, ainda, Holanda e Dinamarca.

A FRASE

«Se Portugal jogar mal os jogos todos e ganhar o Euro assino por baixo»

José Fonte

O discurso de Fernando Santos faz escola junto dos jogadores. A missão portuguesa continua a ser vencer os jogos e não encantar. Enquanto resultar, certamente apagará ondas de contestação. Afinal de contas, já se sabe, o futebol não é um concurso de beleza e ganha que marcar mais golos…