DESTINO: 80's é uma nova rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINO: 80's.

KIKI: F.C. PORTO, DE 1989 A 1992

16 jogos oficiais em 1989/90, 26 jogos e um golo (ao U. Madeira) em 1990/91, dez jogos em 1991/92: três anos «maravilhosos» no F.C. Porto. A melhor exibição, diz Kiki, foi conseguida em Bucareste. «Empatámos 0-0 com o Dínamo e enchi o campo. Até o Artur Jorge me deu os parabéns».

Entrar num balneário campeão da Europa, recheado de monstros sagrados, intimida o mais impávido dos seres. Kiki não é diferente. Estranha e receia. Depois, tudo passa. «No final da primeira semana já ia aos almoços de quarta-feira. Se eu estava lá era porque eles me aprovavam».

O melhor amigo de Kiki é Toni [António Conceição], que com ele viaja de Braga. No F.C. Porto passa a ter outro amigo para a vida. Um menino de 19 anos chamado Vítor Baía. «Fomos morar para o mesmo prédio no Vale Formoso. Eramos os dois solteiros e muito bons rapazes».

A noite em que o F.C. Porto raptou o rapaz das tranças

«Artur Jorge passava por nós e nem nos cumprimentava»

«Passámos a ser os gémeos falsos, como diziam». E Kiki ri-se ainda mais. «Tínhamos casa igual e carros iguais. O dele era preto e o meu branco, claro. Partíamos tudo, nas horas permitidas».

Domingos, «o craque», Fernando Couto, Jorge Couto e Folha juntavam-se aos gémeos falsos. Entusiasmo não faltava, mas tudo esmorecia na presença de Artur Jorge. «Vou-lhe ser sincero: todos tínhamos medo dele».

Faltava falar de alguém: André. «O meu colega do meio-campo. Tínhamos um plano: nos jogos contra o Benfica e o Sporting provocávamos os adversários do princípio ao fim. Juntávamos atrás de um ao outro e ameaçávamos o tipo».

«Não passava disso, mas assim se ganhavam muitos jogos. Contra o Benfica, em dez ganhávamos sete».

«Mestre Pedroto inventava todos os dias alguma coisa»

Antes de ser dragão, Kiki tem já uma carreira de respeito. Chega a Guimarães em 1982, «com 19 anos», pela mão de mestre Pedroto, por exemplo. «Era um homem especial, um brincalhão. Todos os dias inventava qualquer coisa nos treinos. Aprendi quase tudo com ele».

Seguiu-se o Desp. Chaves e uma presença histórica na Taça UEFA. O clube acaba em quinto na época 1986/87 e chega às provas europeias. Elimina o Universitatea Craiova (Roménia) e é afastado pelo Honved (Hungria). Kiki está lá.

«O treinador era o Raul Águas e jogávamos um futebol lindo, de bola no pé e pelo campo inteiro. Chaves é uma cidade de gente boa e ainda há poucos anos lá fui a uma homenagem».

De Chaves, Kiki salta para Braga. Mais duas épocas de bom nível, agora treinado por Manuel José. «Bom homem, mas um excêntrico. Vivemos três meses juntos no mesmo hotel e passávamos imenso tempo junto. Quis levar-me para o Sporting com ele e o Braga não deixou».

«Nas férias espalhei a notícia por Cabo Verde, pensei que ia ser leão e, à última da hora, tudo fracassou. Passei uma vergonha das grandes».

Kiki no Estoril-F.C. Porto (número 11):