DESTINO: 90's é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINO: 90's.

Budimir Vujacic tem uma preocupação forte quando acaba a conversa com o Maisfutebol: não ser mal entendido. «Quando conversamos damos o tom certo às coisas, mas as pessoas a ler, leem com o tom que querem», comenta, entre risos.

Curiosamente, Vujacic não é homem de «paninhos quentes». Numa conversa de quase uma hora, em que passou a pente fino a aventura de três temporadas por Portugal, o antigo defesa central contou vários episódios e deixou uma declaração de amor vincada ao seu antigo clube: «Cheguei a ter propostas de outros clubes, mas não quis sujar a minha imagem junto dos sportinguistas.»

Os anos passaram, mas Vujacic, que já tinha falado ao Maisfutebol na última vez que visitou Alvalade, não deixou que a sua costela verde ficasse mais pálida. Mesmo que o futebol de hoje em dia não seja o mesmo e seja dominado por quem «mente mais».

Os números de Vujacic em Portugal:

1993/94: Sporting, 20 jogos (3 golos)

1994/95: Sporting, 34 jogos (3 golos)

1995/96: Sporting, 23 jogos (3 golos)

Desde que deixou de jogar futebol o que tem feito?

Continuei no futebol. Comecei por ser secretário da equipa técnica da seleção jugoslava, no ano de 1999 e 2000, acabando no campeonato na Europa da Holanda e da Bélgica. Depois fui presidente da Assembleia Geral da Federação Jugoslava de Futebol. Aliás, da Sérvia e Montenegro, porque estava na passagem, com a guerra e os problemas que se conhecem. A grande Jugoslávia já não existia. Havia, podemos dizer, uma Jugoslávia mais pequena. Ainda se chamou Jugoslávia por um tempo, depois passou a Sérvia e Montenegro, não me lembro bem quando.

No Mundial 2006, a seleção apresentou-se como Sérvia e Montenegro.

Sim, era isso. Depois é que houve a separação. Criaram seis Repúblicas. Mas eu sou um admirador da Jugoslávia grande. Não gosto nada disto assim tudo separado (risos). Está muito dividido, é uma coisa muito estúpida. Acho que não era nada muito necessário, mas é assim. Agora já é história.

Se pegarmos numa questão, digamos, menor, como o futebol, a verdade é que antigamente havia seleções fortíssimas da Jugoslávia e agora é mais complicado, embora a Croácia apresente bons resultados.

Nem só no futebol. Os homens do desporto, como nós, sabem o que o desporto significava para o sucesso desta região. No futebol, no basquetebol e vários outros desportos. Os jogadores desta região são muito talentosos. Algumas seleções desta região, mesmo sendo pequenas, fizeram grandes resultados, imaginem como seria se ficássemos todos juntos. E nem só o desporto, até na economia. Se ficássemos juntos éramos mais fortes. É a minha opinião sobre tudo o que aconteceu.

Quando lhe perguntam qual é o seu país, como é que responde?

Gostava de dizer que sou jugoslavo. Sou montenegrino, vivo na Sérvia. As duas são a minha terra. Mas gostava mais de dizer que sou jugoslavo, mas o país já não existe. Não é por minha culpa (risos).

E agora mais recentemente, trabalha no scouting não é?

Sim, trabalho com o Manchester United já há vários anos. Doze anos. É um trabalho que gosto.

Voltando então um pouco atrás à sua carreira como jogador. Vamos falar do Sporting, claro.

Cheguei pela mão do Sousa Cintra. Mas ele saiu e ainda fiquei mais tempo. Mas quem me convenceu a vir foi o Sousa Cintra, foi ele que falou comigo. O treinador era o Bobby Robson, que já não é vivo.

Não chegou a jogar com ele...

Pois, ele tinha outras ideias. Não joguei quase nada. Nada mesmo. Mas com a chegada do Carlos Queiroz consegui recuperar a minha imagem do Partizan Belgrado e da minha grande Jugoslávia. Foi um bom tempo no Sporting, boas lembranças.

Percebeu por que não jogava com o Robson?

Acho que havia ali uma guerra entre o presidente e o treinador. Eu fui...como se diz...como se diz...não estou a ver a palavra.

Vítima?

Vítima! Exatamente (Risos). Mas também podia ser que o Bobby Robson tivesse outra visão do futebol e é normal. As equipas têm 24, 25 jogadores e não podem jogar todos. Umas vezes o treinador escolhe uns, depois outros. O futebol é assim.

Vujacic, o terceiro de pé a contar da esquerda

A verdade é que, depois, com o Carlos Queiroz pegou de estaca.

Joguei quase sempre. O primeiro jogo que fiz foi naquela homenagem ao meu amigo Cherbakov, depois daquele acidente de carro. Jogaram jogadores e antigos jogadores, como o grande Eusébio e outros. Nesse jogo marquei o Iuran que jogava no Benfica. Fiz bem essa tarefa e consegui ganhar mais respeito e confiança do treinador. Depois ficou tudo muito bem, até que tive uma lesão pela seleção jugoslava.

O que mudou, então? Foi o acumular de jogos que fez com que ganhasse mais confiança para se impor?

Também. Mas eu logo no segundo ou terceiro jogo que fiz, marquei o golo da vitória contra o V. Setúbal, num jogo em que estivemos a perder 1-0 e ganhámos 2-1. Marquei mesmo no último minuto, após um canto do Figo. E marquei um dos melhores pontas de lança da altura, o Yekini. Este golo nunca esqueço, porque depois corri 100 metros para abraçar os nossos adeptos que estavam na bancada contrária. É uma boa lembrança. Como eu era um jogador emocional, lembro-me bem deste momento. Também outro que marquei na final da Taça.

Contra o FC Porto.

Sim, na finalíssima. Um golo importante. O Estádio Nacional cheio...

E um golo bonito.

Sim, um golo bonito. No banco adversário estava o meu inimigo da altura, o Bobby Robson. Estou a dizer isto a brincar (risos). Mas a verdade é que dediquei-lhe o golo. Comecei a olhar e a apontar na direção dele, como que a dizer: este golo é para ti!

(risos)

Era mais novo, mais emocional. Mas o Bobby Robson depois falou muito bem de mim. Fizemos as pazes (risos). Era um bom treinador, uma boa pessoa. Não tenho más recordações dele.

Estava com ele o Mourinho, não é?

Sim, o Mourinho. Era boa pessoa também.

A final contra o FC Porto, com golo (e festejo polémico) de Vujacic a partir do 1m20s:

Antes de vir para o Sporting, o que conhecia do clube?

Sabia que era um clube grande, com grande história. Com menos sucesso do que merecia, o que ainda hoje digo. O Sporting merece muito mais títulos e muito mais glória do que conseguiu no meu tempo e depois. É o clube, depois do Benfica, com mais adeptos em Portugal, acho eu. É um clube de todo o Portugal, tem adeptos de norte a sul. Sempre nos sentíamos em casa. Sinceramente, acho que são os melhores adeptos de Portugal, porque o Benfica e o FC Porto ganham mais títulos, têm mais sucesso, e todos gostam de fazer parte do sucesso. O amor que os adeptos do Sporting mostram para um clube que não corresponde sempre às expetativas é incrível. Para haver tantos sportinguistas, tem de ser amor, mesmo.

Nota-se que foi algo que o marcou.

Muito. Quando tive a lesão pela seleção, contra a Roménia, fiquei muito tempo de fora e tive ofertas de outros clubes portugueses mas decidi que não ia. Não queria sujar a minha imagem com os adeptos sportinguistas. Fui muito feliz no Sporting e tomei a decisão certa: estou contente por não ter mais nenhuma mala em Portugal. Só verde e branco (risos).

Além dessa lesão que fala, também houve uma naquele jogo que já falámos, da final da Taça com o FC Porto. Um revés na pior altura?

Sim. Tive uma rotura nos gémeos a uns vinte minutos do fim. Ia a cortar uma bola ao meu amigo Drulovic e senti logo como uma faca no músculo. Saí a chorar. Estava a sentir-me muito poderoso neste jogo, por vários motivos. Pela grande possibilidade de ganhar o primeiro título pelo Sporting contra um grande clube como o FC Porto. Por ter marcado o golo. Ainda ter o inimigo no outro banco (risos). Estou a brincar, atenção. Mas, claro, queria mostrar-lhe que errou comigo. Estava muito motivado, mas não pude acabar o jogo. O FC Porto depois acabou por marcar, creio que de penálti.

Num lance em que o Peixe fez de guarda-redes.

Tentou salvar e adiar o golo, mas não conseguimos.

A final depois acabou com muita confusão nas bancadas.

Já não me lembro muito bem. Mas não era fácil perder contra o Benfica ou o FC Porto. Havia na memória o jogo do campeonato em Alvalade, em que dois adeptos faleceram na queda do varandim. Se tivéssemos ganho esse jogo, talvez fossemos campeões este ano. Faltou sempre alguma coisa, às vezes da nossa parte, às vezes fora do campo. Mas não gosto de mostrar imagem de perdedor, sempre a culpar os outros. Se calhar poderíamos ter feito algo mais. Morríamos na praia, antes de tocar o mar. Uma equipa que tinha Figo, Balakov, Paulo Sousa, Naybet e muitos outros poderia ser uma senhora equipa no futebol europeu, não só no português.

No seu primeiro ano, em 1993/94, estiveram, apesar de tudo, muito perto de ser campeões, até àquele famoso jogo com o Benfica, dos 6-3.

Durante a minha carreira, seja no Partizan, Sporting, na Alemanha, no Vojvodina, este foi o jogo mais maluco. Completamente. Tive só mais um assim, contra o Celtic de Glasgow, pelo Partizan, em que perdemos 5-4 mas fomos apurados porque tínhamos ganho 2-1. Mas este 6-3 não teve qualquer lógica. Marcámos o primeiro, fizemos depois o 2-1 e acabou a lógica. Não correspondeu à qualidade das equipas. Mas também posso dizer que estive em quatro jogos com o Benfica e ganhei três. Uma vez ganhámos na Luz com um golo do Balakov do meio campo. E também me lembro de um jogo de homenagem ao Veloso, em que marquei ao Preud’homme, no estádio da Luz. Mesmo não sendo oficial, tem sempre um bom sabor.

Outro jogo muito importante...

(interrompe) Esse jogo tem uma curiosidade, sabe? (risos)

Então?

Era uma equipa de estrangeiros que jogavam em Portugal, contra o Benfica. E o nosso treinador era o Zoran Filipovic, que era adjunto do Artur Jorge, o treinador do Benfica. Tínhamos o Stevanovic, do Farense, Djukic, Milovac, do Salgueiros, o Hajry. Uma equipa muito experiente, com qualidade. E estávamos a jogar muito bem. Nos primeiros 45 minutos, só jogamos nós. O Benfica só via. Quando entrámos no balneário o Filipovic não estava nada feliz (risos). Ficamos a saber que estávamos a jogar bem de mais.

Pediu para acalmarem?

(Risos) Não estava muito feliz. Digo só assim (risos). Ao intervalo estávamos a ganhar 2-1 e no final perdemos 3-2. Acho que o Filipovic estava mais feliz no fim do que ao intervalo.

Como ia a dizer, outro jogo muito importante foi certamente a final da Taça que ganharam ao Marítimo.

Sim, foi muito importante. Foi o único título que ganhámos. O segundo golo nasce de um passe meu para o Sá Pinto, que mete no Iordanov. Foi um jogo interessante e também tem uma curiosidade. Antes de começar o jogo, chutámos bolas para a bancada, para oferecer aos adeptos. E um polícia veio ter comigo porque queria uma bola para dar ao filho. Só que ele trazia um cão e foi tão perto que o cão saltou e mordeu-me a mão.

(risos)

Uns vinte anos depois, quando voltei a Portugal, veio ter um senhor comigo e disse-me: sabes quem sou eu? Eu pedi desculpa e disse que não. Sou o polícia que não guardou bem o cão...(Risos) Foi muito engraçado.

A final da Taça com o Marítimo:

Com o Marítimo houve um final feliz, mas outro jogo mítico já não correu tão bem. Aquela eliminatória com o Rapid Viena.

Foi incrível. Eles tinham muito boa equipa. Deve ser a melhor da história do clube nos últimos 30 ou 40 anos. Em Alvalade jogámos muito bem, ganhámos 2-0, metemos uma bola no poste. Merecíamos três ou quatro golos. Depois, no Prater, sofremos um golo e até ao último minuto estava 1-0. Um pouco antes, o Dani chutou uma bola já fora de campo e o árbitro era um pouco mais duro do que deveria ser e expulsou-o. Eles tiveram um lançamento lateral e marcaram um golo no último minuto. Um golo estúpido.

Foi o Jancker, alemão.

Sim, que depois jogou no Bayern Munique. Um armário de 100 quilos. Alto, forte. Merecíamos muito mais. Foi uma injustiça. Fomos claramente a melhor equipa, mas não adianta agora chorar. Ficamos magoados. Se passássemos este jogo, teríamos a possibilidade de fazer algo mais na Europa.

Sente que houve azar em alguns jogos decisivos?

Sim, muito. Sinto isso.

Na altura os rivais brincavam e ficou famosa uma frase que dizia que o Sporting só durava até ao Natal.

Lembro-me bem. Havia alguma razão. O Natal era fatal para nós, muitas vezes. Não sei porquê. Acho que é uma coisa psicológica. Uma pressão sobre os jogadores. E algo que ainda dura. O primeiro treinador que consiga ultrapassar essa barreira psicológica, a diferença que existe hoje vai morrer para sempre. É uma tarefa para qualquer treinador. Com os jogadores que o Sporting já teve, como Figo, Cristiano Ronaldo e todos os outros, percebe-se que não é uma questão de qualidade. É psicológico. Se um treinador ganhar esta batalha, vai ganhar muito mais e a história vai mudar. Um clube grande como o Sporting pode fazer isto.

Quem eram os seus principais amigos no Sporting?

Joguei com muitos bons rapazes. Claro que estava mais perto do Lemajic que era meu compatriota. Conto uma história engraçada. Uma vez marquei-lhe um golo com o pé direito, quando ele estava no Marítimo. Surpreendeu todo o mundo, até a mim. E também o Lemajic. Até porque quando chutava com o pé direito, em 99 por cento das vezes não acertava na baliza. Mas ganhámos 2-0 em Alvalade. Acho que foi o golo de maior distância que marquei em toda a minha vida.

E com o pé direito...

O futebol tem destas coisas. Mas eu dizia que havia uma história engraçada e não contei. O adjunto do Carlos Queiroz, o Costa, dizia-me que se eu marcasse algum golo com o pé direito ele saía do estádio. E eu marquei um num jogo amigável e fui logo dizer-lhe para sair do banco, mas ele disse que era amigável e não contava. Mas quando marquei ao Marítimo fui lá e mandei-o para fora do banco (risos).

Quem eram os mais brincalhões do balneário?

O Oceano. O grande capitão. Um grande jogador. Estava sempre bem disposto. Era muito importante no campo e fora do campo. Tinha muito respeito de todos, jogadores, treinadores, árbitros.

Por que deixou o Sporting, em 1996?

Foi decisão minha. Já não conseguia estar ao mesmo nível. A lesão que falei foi muito difícil. O músculo da minha perna direita desapareceu. Não tinha a mesma saúde para conseguir competir e ser útil para o Sporting. Decidi aceitar uma oferta do Visse Kobe, do Japão. Foi uma honra, porque sucedi a um grande jogador que era o Michael Laudrup. Fui preencher o lugar dele, como estrangeiro.

Como foi essa experiência?

Foi interessante, mas é um mundo muito diferente. Fiquei mais rico como pessoa. Não com dinheiro. É uma maneira diferente de lidar com o futebol e pude observar outras formas de vida diferentes da nossa na Europa.

Foi numa altura em que estava a crescer o futebol no Japão até porque depois, em 1998, jogaram o primeiro Mundial.

Sim, mas o futebol não era o primeiro desporto. E não vai ser, acho. Há muitas outras coisas. Está a crescer, mas não se compara com a Europa. Em Portugal um jornal desportivo tem 20 páginas sobre futebol e três ou quatro sobre todos os outros desportos, a que chamam modalidades. Isso já diz qual é a posição do povo.

Mas acha que a realidade em Portugal é muito diferente em relação aos outros países que conheceu, nesse campo?

É uma coisa dos países romanos. Em Portugal, Itália, França, Grécia, os países da Jugoslávia, o futebol é uma religião. Mais importante do que tudo o resto. Em Portugal na fila para comprar pão de manhã, se encontrasse uma senhora de 80 anos ela ia saber que eu era jogador de futebol. Se calhar não merecemos tanta atenção e respeito.

Por que diz isso?

Olhe, eu tinha um grande amigo em Portugal, que já faleceu. Era um médico, jugoslavo. E para ser conhecido, precisava de 15 anos de trabalho e trabalho muito importante. Eu depois de dez dias já tinha nome aí. Acho que não merecemos. Mas claro que todos gostamos de ser respeitados e admirados.

E hoje, com as redes sociais, a «febre» talvez ainda seja maior. Vê o futebol muito diferente?

É sempre diferente. É um negócio maior. Há muitos mais interesses. E onde há muito dinheiro há pessoas boas e pessoas más.

Acha que o futebol é melhor ou pior agora?

O futebol está sempre a melhorar. Se uma equipa de classe europeia de agora jogasse contra uma equipa de classe europeia do meu tempo é claro que seria superior. Na altura corríamos dez quilómetros por jogo, hoje correm catorze. Não vou dizer que é mais lindo, como o nosso não era mais lindo do que o futebol do tempo do Eusébio ou dos Cinco Violinos. O futebol é como a vida: vai para a frente. Goste-se ou não é assim. O nosso futebol da altura não aguentava com o Barcelona de hoje. Agora, se me fala de beleza...

É diferente?

Sim, penso que está a piorar. Opinião minha. O futebol está melhor, mas acho que já foi mais puro, como antes do meu tempo era ainda mais. Hoje em dia, há cada vez mais senhores, que se chamam empresários e que são donos do futebol sem qualquer mérito. Há jogadores que oferecem toda a sua vida, todo o seu tempo para ter sucesso no futebol; treinadores que treinam todos os dias para criar futebolistas; dirigentes que lideram um clube, o que é uma grande dor de cabeça. Todas estas pessoas merecem muito mais do que empresários. E ainda por cima quem mente mais, quem berra mais, quem faz mais bluff é quem tem mais sucesso. É uma coisa que me causa frustração. Gente que não merece nada, que não ajuda ninguém, são donos do futebol! Têm os seus aviões privados, mandam nos clubes. É uma porcaria. Não tenho nenhum respeito por estes ladrões.

Já agora, quanto...

(interrompe) A maioria, atenção. Não quero dizer que são todos. Mas, pela minha experiência quanto mais honesto e correto for o agente, menos ganha. Quando berra mais, quando faz mais bluff, então tem sucesso. Gostava que isto mudasse. Não digo que é uma profissão suja. Pode ser feito de forma correta. Mas gostava de ver a importância destes senhores, e digo em tom irónico, ser menor. Para bem do futebol.

Já agora, quanto acha que valia hoje um central como Vujacic?

Isso não faço. A qualidade do Vujacic como jogador e como pessoa devem ser outros a avaliar.

Pergunto isto porque é um tema que tem vindo a ganhar eco: a inflação dos valores que se pagam por jogadores.

As coisas evoluem. E vai continuar a ser assim. Se um clube paga 100 milhões por um jogador é porque vai ganhar mais com ele. Eles não perdem dinheiro. Se me perguntarem se uma pessoa vale 100 milhões, digo que depende. Se um clube conseguir ganhar mais, é porque vale.

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