DESTINO: 90's é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINO: 90's.

DORIVA, FC PORTO: 1997 a 1999


Se o leitor já tiver mais de 20 e poucos anos, de certeza que se lembra bem dele: Doriva, um médio de grande qualidade que passou pelo FC Porto no final da década de 90, antigo internacional brasileiro, teve no passado domingo o melhor dia da sua ainda curta carreira como treinador.

Hoje com 41 anos, Doriva é o treinador do Ituano, modesto clube do estado de São Paulo que está a viver o seu momento de glória, depois da eliminação do super favorito Palmeiras nas meias-finais do estadual paulista.

O Ituano, que é presidido pelo ex-internacional brasileiro Juninho Paulista, vai disputar a final do «Paulistão» com o Santos, em dois encontros no Pacaembu. E tentará causar, outra vez, uma surpresa do tamanho… do Brasil.

«Nunca se sabe, né? O Santos é mais do que favorito, tem a obrigação de ganhar essa final. Mas toda a gente apostava no Palmeiras e foi o Ituano que passou…», aponta, orgulhoso, Doriva, em conversa com a Maisfutebol Total.

Os anos dourados no FC Porto

Doriva foi um dos melhores médios que passaram pelo futebol português na década de 90.

Referência do meio-campo do FC Porto entre 1997 e 1999, festejou três títulos nacionais. O brasileiro chegou às Antas (na altura ainda eram as Antas…) com o rótulo de ter sido um dos melhores futebolistas do Brasileirão, ao serviço do Atlético Mineiro.

E rapidamente provou o seu valor: «Tenho as melhores memórias do FC Porto. É um grande clube, ganhador, respeitado… Deixei aí muitos amigos», começou por lembrar Doriva, em conversa telefónica com a Maisfutebol Total.

O sucesso na casa portista reforçou-lhe o estatuto na seleção brasileira, cujas portas já tinha aberto dois anos antes de chegar ao Porto: «Fui chamado ao escrete, participei no França-98. Foi muito bom para mim. Ainda hoje lembro a minha passagem aí por Portugal como dos melhores anos da minha carreira».

No FC Porto, Doriva festejou o «tri» e o «tetra», com António Oliveira como treinador, e depois o «penta», no primeiro ano de Fernando Santos.

«Aquele» golo ao Dínamo Zagreb…

Muito forte na marcação de livres, Doriva tinha um pontapé forte e colocado. Quase sempre com a mira apontada à baliza adversária.

Um dos melhores exemplos dessa arma poderosa foi um golaço apontado ao Dínamo Zagreb, em 1998. Corria o minuto 33 desse encontro no antigo Estádio das Antas, disputado a 21 de outubro. O brasileiro, à bomba, abria o caminho para um triunfo portista de 3-0, em partida para a Champions.


Recorde o golaço de Doriva para a Champions:




Do outro lado da linha, Doriva solta uma gargalhada quando lhe lembramos esse momento: «Claro que me recordo disso! Foi um bom momento, saiu bem… O FC Porto sempre foi forte nos jogos em casa para a Champions».

Quem jogava no Dinamo Zagreb, nessa partida em 1998, era Tomo Sokota, que viria a ser avançado do Benfica e FC Porto. Em setembro de 2012, o ponta-de-lança croata desabafou ao Maisfutebol: «Nesse jogo, Doriva deu cabo de nós»...

Focado no Paulista


Doriva tenta seguir o que se vai passando no futebol português, mas admite, em conversa com a Maisfutebol Total, que nos últimos meses «não deu muito para acompanhar.»

«Apostámos tudo no estadual paulista e então o meu foco, desde o início, foi viver intensamente esta realidade. O Paulista é disputado em menos de três meses, há que aproveitar todo o tempo para isso…», observou.

O sonho de voltar à Europa

Doriva foi «muito feliz» como jogador no FC Porto do final da década de 90. E não esconde o sonho de «um dia» regressar à Europa e «quem sabe» ao futebol português, mas… como treinador.

Com 41 anos (completa 42 em maio), Doriva admite ter «grandes ambições» para a carreira de técnico.

O sucesso no modesto Ituano poderá ser apenas «o primeiro passo para voos bem mais altos».

«A gente nunca sabe o que vai acontecer no futebol, mas não escondo que tenho fortes ambições. Gostaria de vir a treinar clubes de maior dimensão e, quem sabe, um dia voltar à Europa, mas agora para treinar…», insiste o agora técnico finalista do estadual de São Paulo.

Percurso variado, sempre a mostrar qualidade

Como jogador, Doriva teve um percurso variado, nem sempre pelo caminho mais óbvio, mas quase sempre a mostrar qualidade.

Começou no São Paulo, bem jovem, pela mão do mítico Telé Santana. Viria a rodar no Anapolina, Goiânia, XV de Piracicaba (onde atuava quando se estreou com a camisola do escrete, em abril de 1995)…

No Atlético Mineiro, conseguiu finalmente mostrar o seu potencial de médio inteligente, refinado e muito regular (foi considerado o segundo melhor jogador do Brasileirão 1997).

Deu-se o salto para o FC Porto, onde viveu duas épocas de ouro, somando títulos nacionais e boas exibições nas competições europeias.

Seguiram-se outros dois anos em Itália, na Sampdoria, e depois Espanha, no Celta de Vigo (três épocas). A reta final da carreira de futebolista foi vivida em Inglaterra, n o Middlesbrough e no B lackpool.

O regresso ao Brasil (América São Paulo e Mirassol) foi feito já com 33 anos, mas com Doriva a mostrar ainda boas condições. Mas uma arritimia cardíaca detetada em exame feito no Mirassol antecipou o final da carreira de jogador e lançou o percurso como técnico, iniciado no Ituano, onde já está há quatro anos.

A hora da verdade no Ituano

Doriva arrancou o percurso como técnico assumindo a função de técnico dos sub-20 do Ituano. Passou, depois, para adjunto da formação principal e no início de 2013, há um ano e três meses ficou como treinador principal.

A final do Paulista será o grande momento de Doriva como treinador. Será que o antigo médio do FC Porto chegará, como técnico, tão longe como chegou como jogador?