DESTINO: 90's é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINO: 90's.  
 
WALTER PAZ: FC Porto e Gil Vicente (1994/95)

 
Walter Paz candidato a internacional…português? Parece mentira. E é mentira. Uma espécie de mito que se criou e que ganhou repercussão na internet. É fácil encontrar em várias páginas dedicadas ao jogador essa referência, mas não há memória de que tenha havido qualquer tentativa de naturalização. E o mais certo é que não tenha havido mesmo.
 
O motivo de todo o imbróglio é fácil de explicar. Walter Paz é descendente de portugueses. Aliás, como o próprio contou ao Maisfutebol, esse foi um dos motivos para ter escolhido o FC Porto na hora de sair do Argentino Juniors, quando também tinha proposta do Feyenoord, da Holanda.
 
«Portugal é a terra dos meus avós. Os meus avós eram do Algarve, no norte do país. Sul? Isso, no sul, no sul (risos)», conta Walter Paz, agora com 43 anos, ao nosso jornal.

Zero minutos no FC Porto: «Nos amigáveis rendi sempre»
 
O tema da seleção portuguesa é que surpreende o médio. «Não sei se isso é verdade», atira entre risos, novamente. Depois lá acrescenta: «Se calhar, se calhar…Eu não me lembro, mas já passou tanto tempo.»
 
«Não falaram comigo, isso é certo. Mas acho que pelo que fiz em Portugal também não ia convencer ninguém», brinca.
 
E dá ainda outro exemplo curioso para encerrar o tema: «Já tinha jogado na seleção sub-20 da Argentina, acho que não podia, de qualquer forma. Olhe, fizeram-me o mesmo que ao Messi (risos). O Pekerman fez grande jogada: levou-o aos sub-17. Se não a esta hora era espanhol.»
 
«Sou mais conhecido por Pescadito do que por Walter»
 
Walter Paz não guarda qualquer contacto em Portugal. Criou laços de amizade com alguns jogadores do FC Porto e do Gil Vicente, lembrando que fazia «muitas viagens de autocarro» até Barcelos com colegas que também moravam na Invicta.
 
«No FC Porto tinha uma boa relação com o Jorge Costa e o guarda-redes. Como se chama? Vítor Baía? Isso. Era muito bom ele. Foi tudo muito rápido, não deu para criar grandes amizades»
, sublinha.
 
O laço mais forte terá sido criado com o próprio clube. «Sempre me trataram muito bem. Passados muitos anos, já nem tinha ligação ao clube, continuavam a mandar-me um postal de parabéns pelo correio no meu aniversário», conta.
 
Mais à frente na conversa lembra-se de outro amigo. « O Rui Jorge!», atira, sem aviso. Como? « O Rui Jorge também era meu amigo. Foi o meu colega de quarto num torneio de pré-temporada que fizemos em Inglaterra», explica.
 
E se no campo das amizades as escolhas não são vastas, falando de jogadores que o impressionaram, Walter Paz atira vários, sem hesitar.
 
«Lembro-me que o Figo, do Sporting, era o grande jogador português da altura. No FC Porto havia o Aloísio, o central, que gostava muito. Também o russo…Kulkov. Muito bom no meio campo. E ainda treinei com o búlgaro, o Kostadinov. Depois ele saiu para o Corunha, mas do que vi parecia-me um jogador de grande qualidade», descreve.
 
Estava na hora das despedidas, mas deixámos uma última pergunta a Walter Paz, o «Pescadito». A alcunha que o tornou famoso na Argentina foi pouco explorada em Portugal. Vem de onde?
 
«Foi um amigo do meu pai mas nunca soube bem porquê. Vem já dos quatro, cinco anos. É um mistério. Mas aqui sou mais conhecido por Pescadito do que pelo meu nome», remata.