DESTINO: 90's  é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis.  DESTINO: 90's.

EDMILSON LUCENA: Nacional (1988 a 1991); Marítimo (1991 a 1997); V. Guimarães (1997 a 2000) e Sp. Braga (2000 a 2002)


Catorze anos em Portugal, divididos por quatro emblemas, dão muitas histórias para contar, certamente. Edmilson Lucena não as guarda. Em conversa com o Maisfutebol para a rubrica «Destino: 90’s», o ex-avançado brasileiro lembra os jogadores e treinadores que marcaram a sua carreira. Momentos inesquecíveis de uma aventura a que se dá o nome de ser jogador de futebol.

Comecemos então pelos homens no banco. Os técnicos, claro está. Dois destacam-se dos demais. Paulo Autuori, o homem que o trouxe para Portugal, e Quinito, com quem aprendeu muito, em dois anos no V. Guimarães.

Quinito, um técnico longe dos holofotes nos dias atuais, é um manancial de histórias. «Era impressionante a forma como conseguia dar moral aos jogadores», destaca Edmilson, ao nosso jornal.

Depois, recorda alguns episódios:  «O Quinito adorava o treino com bola. Por ele era só bola. Ora, os jogadores também, por isso desde logo dá para ver como os jogadores gostavam dele.»

Contudo, nem sempre havia bola. «No início da semana havia os treinos mais físicos. O preparador físico, que agora não me recordo o nome, vinha com tudo preparado, umas cargas duras. Mas depois vinha o Quinito e mandava parar tudo. ‘Quer matar os meus meninos?’, dizia ele. E lá vinha a bola», conta Edmilson.

Outra história: «Quando ia anunciar a escalação para o jogo ele dizia tudo com muito detalhe. Começava ‘na baliza o Pedro Espinha, na lateral direita este’ e por aí fora. Depois chegava ao fim e dizia ‘e o Edmilson como vagabundo’. Dava-me muita liberdade em campo mas isso também aumentava a minha responsabilidade. Quando entrava em campo, primeiramente sabia que não o queria desiludir.»




O trio maravilha no Marítimo e o ataque demolidor em Braga

De Autuori, que encontrou no Nacional e no Marítimo, recorda a «ambição». «Era muito jovem e trabalhava muito bem a parte psicológica do jogador, algo que não se via muito na altura. Era um estudioso», descreve.

Edmilson destaca o jogo ofensivo ainda do técnico brasileiro que viria a treinar o Benfica: «Dizia que preferia sofrer dois golos e marcar três do que jogar para o 0-0.»

«Jogávamos para a frente. Nessa altura fazia um trio muito bom com o Ademir e o Jorge Andrade. Chamavam-nos o trio maravilha. Havia muito entrosamento, não havia egoísmo. Conseguimos colocar o Marítimo na Taça UEFA pela primeira vez», recorda.

Outros jogadores houve que marcaram o seu percurso. «O Riva, por exemplo, com quem joguei no V. Guimarães e no Sp. Braga», frisa.

«Aliás, no Sp. Braga em 2000 apanhei das equipas mais fortes que tive em Portugal. Tínhamos um ataque fabuloso. Eu, o Riva, o Miklos Fehér e o Luís Filipe. Roubamos pontos a Benfica e Sporting fora. Só o FC Porto ganhou, 3-2, com um golo já a acabar», lamenta.

Nesse jogo, Edmilson fez um golaço!



De Guimarães guarda memórias de dois jogadores, por motivos diferentes, um bem mais feliz do que o outro. «O Lixa era um jogador fabuloso. Estava com tudo tratado para ir para o FC Porto, sofreu uma lesão gravíssima no joelho e a carreira nunca mais foi a mesma», diz.

Pela positiva o guarda-redes e líder do grupo, Neno: «Era uma figura! Muito carismático. Não acredito que haja alguém que tenha qualquer coisa de mal a dizer dele.»


«Tenho saudades do futebol», admite. « Nada que me tiro o sono, claro. Estou de bem com aquilo que consegui na minha carreira, com as oportunidades que tive. Não há frustração. Agora o futebol é um hobbie, nos campeonatos de veteranos», explica.

E, também aí, Edmilson dá cartas: « Tenho ganho alguns troféus de melhor marcador». Quem sabe, não esquece…