A procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, diz que a investigação a dirigentes e parceiros da FIFA por suspeitas de corrupção envolve também a atribuição do Mundial 2010 à África do Sul, bem como as eleições para a presidência da FIFA em 2011.

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«Em 2004 começou a campanha para albergar o Mundial de 2010, que acabou por ser atribuído à África do Sul, a primeira vez que o continente africano acolhia o torneio. Até para este evento histórico, membros da FIFA e outros corromperam todo o processo recorrendo a subornos para influenciar a escolha do anfitrião”, denunciou Loretta Lynch, em conferência de imprensa.

«A acusação também alega que a corrupção e suborno se estenderam às eleições presidenciais da FIFA de 2011», diz.

A procuradora deu esta tarde mais pormenores sobre a investigação norte-americana que levou à detenção de sete dirigentes da FIFA, entre 14 suspeitos. Fala de um esquema generalizado com mais de duas décadas.

«Desde 1991, duas gerações de dirigentes de futebol, incluindo os então presidentes de duas confederações da FIFA (Concacaf e Conmebol) usaram as suas posições de confiança nas suas organizações para solicitar subornos de empresas de marketing desportivo a troco dos direitos comerciais dos seus torneios. Fizeram isto uma e outra vez, ano após anos, torneio após torneio», disse.

Loretta Lynch foi mais longe e deu como exemplo a próxima Copa America: «Por exemplo, em 2016 os Estados Unidos vão receber a edição do centenário da Copa America, a primeira vez em cidades fora da América do Sul. A nossa investigação revelou que o que devia ter sido uma expressão de desportivismo internacional foi usado como veículo para um esquema alargado destinado a encher os bolsos de executivos com subornos no total de 110 milhões de dólares, quase um terço dos custos legítimos dos direitos do torneio.»

A procuradora norte-americana disse que a investigação não terminou, mas recusou falar no nome de Joseph Blatter, presidente da FIFA e candidato à reeleição na sexta-feira: «Não vou comentar o estatuto de qualquer indivíduo.»

Sobre os processos de atribuição dos Mundiais de 2018, à Rússia, e 2022, ao Qatar, a procuradora limitou-se a responder que decorrem processos paralelos que estão a ser investigados pelas autoridades suíças.

Lynch falou numa conferência conjunta com responsáveis da investigação nos EUA e do FBI. «É o Campeonato do Mundo da fraude. Hoje mostrámos o cartão amarelo», disse por seu lado Richard Webb, responsável pela divisão de investigação criminal da administração fiscal dos Estados Unidos. O procurador federal de Brooklyn, Kelly Currie, frisa por outro lado que o processo continua a decorrer: «É o início do nosso esforço, não o fim.»

Entretanto, as autoridades suíças revelaram que sete dos dirigentes detidos esta manhã em Zurique rejeitaram a extradição para os EUA. «Para os indivíduos que estão a contestar a extradição, o ministério da Justiça vai pedir aos Estados Unidos para submeter um pedido formal de extradição dentro do período de 40 dias previsto no tratado bilateral de extradição», refere o ministério, em comunicado.