No dia 12 de março Gary Lineker, antigo internacional inglês, assistia ao jogo entre Barcelona e Manchester City, para a Liga dos Campeões. Como em muitas outras noites, Messi foi uma das figuras do jogo. No Twitter, Lineker não escondeu a admiração pelo futebol do argentino. Até aqui, nada de particularmente notável: um antigo ídolo a elogiar outro.
 
O que tornou diferentes os comentários Lineker foi a forma. Para quem não viu, fica o link.
 
Como muito bem salientou o Mirror, também no Twitter, Messi será indiscutivelmente melhor jogador do Lineker, mas quando o jogo se vira para o Twitter, o inglês não dá hipóteses. A ninguém.
De acordo com o Google Trends, a frase de Lineker sobre Messi de facto andou pelo Mundo. Por norma, as pesquisas sobre o agora comentador de futebol são relativamente baixas. Nesse dia passou de dez, onze para 43. O fogo tinha-se espalhado, o que de resto não admira: Lineker tinha, números de ontem à noite, 2.250.328 seguidores. Para quem está menos familiarizado com esta rede social, seguidos são as pessoas que recebem na sua conta aquilo que os que seguem escrevem. 
 
No caso de Lineker, ele escreve um bocado. E coloca fotos. De bastidores do programa, mas também de viagens que faz, de algo que acontece na televisão ou é escrito nos jornais. O tema principal é futebol, claro.
 
Lineker é capaz de comentários que um humorista não desdenharia assinar. Mas também, claro, opiniões relevantes, na hora, sobre jogos, equipas, jogadores e treinadores. Como se diz neste nosso meio. Lineker gosta de molhar-se. Tem opinião e arrisca-a.
 
O tweet sobre Messi foi ao mesmo tempo uma boa síntese e uma demonstração de humildade. Lineker foi um dos melhores avançados no período em que jogou e sobretudo um desportista exemplar. Em muitas coisas, sem dúvida melhor do que o argentino. Em outras tantas, pior.
 
O texto de 140 caracteres foi, já vimos, referido por milhares de utilizadores da rede social. E diversos media resolveram fazer notícia sobre ele. Enfim, não exatamente uma notícia, mas aquilo a que nós, jornalistas, chamamos história. Uma história. Muitos anos depois de ter deixado de jogar, Lineker consegue, pela forma singular como comunica e pelo peso das suas opiniões e análises, manter-se noticiável. 
 
Desde há vários anos pivot de um dos mais importantes programas de análise em Inglaterra, Linker voltou a tentar a sorte uns dias depois. Uma espécie de parte II do tweet de Messi.

Tudo aconteceu durante o jogo do Tottenham com o Benfica. Ao olhar para Soldado, avançado espanhol, Lineker não aguentou. Se Messi o fazia sentir-se um jogador fraco (vamos traduzir assim...), ao olhar para o antigo jogador do Valência não conseguia deixar de se sentir orgulhoso do seu passado de futebolista.
 
O tweet foi, mais uma vez, muito replicado ( veja-o aqui). E desta vez as pesquisas por Gary Lineker dispararam. Uma crítica continua a ter mais peso do que um elogio. Talvez por isso, uns minutos depois o inglês achou que valia a pena explicar que este tweet sobre Soldado não podia ser lido separadamente do outro, aquele sobre Messi.
 
O Twitter permite-nos seguir pessoas e organizações. Permite também receber notificações, se o desejarmos, sempre que alguém que seguimos escreve algo. Pode ser ótimo, ou simplesmente demasiado irritante e intenso, sobretudo num smartphone. Talvez por isso eu só tenha ativado esta funcionalidade para a conta de Lineker. Quem o segue percebe. Quem não o segue, está à espera de quê?