Durante uns tempos achei que a geração de Figo, Rui Costa, João Pinto, Jorge Costa, Vítor Baía e outros conseguiria alterar o futebol português.

Deixemo-nos de rodeios: por mudar o futebol português entendo acabar com as críticas saloias aos árbitros, as jogadas de bastidores e os negócios sem sentido. Significa, na minha cabeça, apostar no jogador português, cuidar das finanças dos clubes e respeitar o adversário, no melhor espírito desportivo. No fundo tornar isto saudável, respirável e com mais gente nos estádios.

Ainda não passou tempo suficiente para um diagnóstico definitivo, mas até ver não mudou grande coisa.

Nenhum daqueles nomes, ou outros, chegou a presidente. Uns estão lá perto, mas até ver ninguém foi capaz de impor regras diferentes. No fundo, muitos estão em jogo, mas é quase sempre o adversário que tem a bola. E por adversário entendo os que, velhos ou novos, só sabem fazer mal e aos berros.

Pessoas diferentes fazem falta ao futebol português. Mas também aos media que falam sobre futebol.

Gosto muito de ter Vítor Baía e Dani, por exemplo, como comentadores da TVI. E Pedro Barbosa como comentador do Maisfutebol e da TVI24. E também fui eu a convidar João Pinto. Não me interpretem mal, mas acho que nos falta alguém com o perfil de Gary Neville.

No seu tempo de jogador, apenas um lateral da seleção inglesa e do melhor Manchester United, assim que pendurou as botas Gary Neville soltou o comentador divertido, conhecedor e frontal que provavelmente o balneário de Old Trafford já conhecia há muito tempo.

Comentador da Sky Sports, Neville está à vontade quando tem de enfrentar um dos mais fervorosos adeptos do City, Noel Gallagher, na véspera do dérbi de Manchester.
 
O mesmo Gary Neville consegue oferecer-nos textos como este, publicado no Telegraph, um registo sério e profundo. Mas também momentos hilariantes, como este.
 


Ou este.
 

Ou simplesmente levar a mulher para o comentário.


A forma de comentar de Neville já está tão entranhada que o ex-jogador foi recentemente convidado a opinar sobre um famoso golo de Giggs. Foi aplaudido e pôs a sala a rir, como se se tratasse de um artista de stand up comedy.



(há quem defenda que no fundo Gary Neville estava a ser sério e a vingar-se disto...
)

Seria adorável se um dia a geração de ouro conseguisse ser tão apreciada nos gabinetes, nas televisões e nos jornais como foi nos relvados. Mas eu já ficava muito contente se alguém se aproximasse deste registo. Porque no fundo tudo isto seria melhor se conseguíssemos aliviar um pouco a tensão, rindo. Sobretudo rindo de nós próprios.

Para seguir Neville, este é o link
. Para ir vendo os momentos com piada, sugiro este caminho
.

(se acham que Gary Neville não é assim tão bom, leiam a opinião da especialista Keira Knightley
)