Portugal está a caminho do Japão para preparar o Campeonato do Mundo de Sub-20, que este ano se joga na Coreia do Sul entre 20 de maio e 11 de junho. Diogo Dalot é um dos convocados de Emílio Peixe e partiu com o desejo de conseguir o que Portugal alcançou em 1989 e 1991, mas quer ir passo a passo... apesar de estar habituado a saltar etapas.

O lateral direito do FC Porto é um dos mais novos da lista de 21 convocados e chega ao Mundial como candidato a Golden Boy. Fez 18 anos em março, foi chamado por Julen Lopetegui aos trabalhos da equipa principal com 16 e inscrito na Liga dos Campeões aos 17.

Ainda assim, não se sente um fora de série: «Não, nada disso. Sinto-me sim como alguém que gosta de futebol e de trabalhar para conseguir o que quer. É tudo fruto do meu trabalho. Vou aproveitando todas as oportunidades que me dão ao longo das épocas.»

«Estar nomeado para Golden Boy é um motivo de orgulho. É o reconhecimento do meu trabalho e só serve de motivação para mim», disse ao Maisfutebol, justificando que, mesmo que não ganhe, a distinção já foi positiva: «Estar nomeado já me enche de orgulho e é suficiente. O reconhecimento por estar nomeado foi o mais importante para mim.»

«Queremos alcançar o que noutras gerações foi alcançado»

No ano passado, Diogo Dalot venceu o Europeu de Sub-17 e dias depois foi chamado para jogar no Europeu de Sub-19. Por isso, é também um dos mais internacionais desta comitiva: tem 40 internacionalizações no total repartidas entre os sub-14 e os sub-20 - só não jogou nos sub-18.

Agora pela frente terá a terceira participação em fases finais de seleções num espaço de apenas um ano, e em três escalões diferentes.

À partida será titular mas Peixe tem outras opções para o lado direito da defesa, por isso o foco no estágio em terras nipónicas é mostrar que merece a confiança: «Vou dar o meu melhor para jogar que é para isso que aqui estou, como todos. Vou trabalhar para conseguir jogar.»

Na chegada a Portugal após a conquista do Europeu de Sub-17 em 2016

Já na Coreia do Sul o objetivo passa essencialmente pelo coletivo: «Acredito que temos capacidade para passar a fase de grupos, que é o nosso primeiro objetivo. É nisso que estamos focados.»

Diogo Dalot diz que o grupo está «confiante» e que a amizade entre todos, apesar de pertencerem a clubes diferentes, «ajuda» dentro de campo a que a campanha destas gerações seja positiva: «Fora de campo, as amizades que construímos no futebol são importantes e estão acima dos clubes. Dentro de campo temos de considerar o adversário como um adversário, não ultrapassando esse grau. Mas agora estamos na seleção e estamos unidos.»

«Somos uma equipa forte e temos uma grande ligação», reforçou o defesa, desvalorizando a pressão de a equipa das Quinas ser considerada candidata ao título pela evolução ao longo dos últimos anos: «Portugal é uma seleção forte como todas as outras, mas, para além disso, atualmente, no futebol o favoritismo é cada vez mais relativo.»

Nesse sentido, o internacional sub-20 não considera também os dois títulos conquistados no passado como uma responsabilidade extra: «Isso dá-nos é mais motivação porque também queremos alcançar o que noutras gerações foi alcançado.»

Quanto aos adversários da fase de grupos - Zâmbia, Costa Rica e Irão -, Diogo Dalot diz que «são três equipas que merecem muito respeito, cada uma tem as suas dificuldades»: «Só temos de esperar jogos difíceis porque a um nível destes só assim pode ser.»

Os eleitos de Emílio Peixe para o Mundial de Sub-20, à exceção de Aurélio Buta que foi substituído por Hélder Ferreira

«O meu sonho é chegar à equipa principal do FC Porto»

Diogo Dalot é dos laterais direitos que mais interesse tem despertado nos últimos tempos e é visto como uma promessa do FC Porto e de Portugal, mas quando começou a jogar começou como extremo.

«Na altura tentei dar o meu melhor nessa posição, mas consoante as opções acabei por ficar como lateral direito e acho que é a posição em que consigo ajudar mais a equipa», revelou.

Ainda assim, o maior ídolo joga ao ataque: Cristiano Ronaldo. Voltou a revelar entre risos, explicando que também gosta dos laterais direitos da seleção principal: «Temos exemplos muito bons na equipa AA. Neste momento estamos muito bem servidos de laterais direitos.»

Tal como o FC Porto está, referiu Diogo Dalot que viu a estreia de Fernando Fonseca, no sábado passado, como positiva também para si: «A oportunidade que o Fernando teve foi boa para ele. É merecida, e fruto do trabalho e da dedicação dele. Para mim serve de motivação porque significa que a formação é cada vez mais importante.»

Diogo Dalot já sabia, até porque já desde 2015/2016 que participa nos treinos da equipa principal azul e branca. Foi Lopetegui que o chamou pela primeira vez e Nuno Espírito Santo confirmou a confiança ao integrá-lo na lista de jogadores disponíveis para a Champions.

«É pelo meu trabalho, com trabalho vamos conseguindo os objetivos que pretendemos. Para mim tudo isso foi um orgulho enorme», disse, afirmando-se como portista de coração e dizendo que obviamente quer mais: «O meu sonho é chegar à equipa A, claro.»

Já na próxima época? Vamos com calma: «Agora o meu foco está na seleção e no Campeonato no Mundo, depois quando voltar logo penso nisso. Mas claro que é um dos meus objetivos: quero chegar à equipa principal do FC Porto. É o objetivo de todos os que lá estão e eu não fujo à regra.»

Diogo Dalot pela equipa B do FC Porto (Foto: Studium Creative Co)

Sobre o interesse do Real Madrid e Barcelona: «É uma motivação para mim»

Diogo Dalot está no FC Porto desde 2008/2009 e tem contrato até ao verão de 2019, mas, apesar do desejo de vingar no clube do coração, não revelou se a renovação está a ser tratada. «(risos) Se eu trabalhar as coisas vão aparecendo e é nisso que eu me foco.»

E vão aparecendo mesmo. Segundo alguma imprensa, o Real Madrid e o Barcelona também estão atentos ao lateral direito e interessados em contar com ele no futuro. Diogo Dalot também não confirmou o interesse, mas admitiu que ser falado nesse sentido «é mais um motivo de motivação».