Depois do Adeus é uma rubrica do Maisfutebol dedicada à vida de ex-jogadores após o final das suas carreiras. O que acontece quando penduram as chuteiras? Como passam os seus dias? O dinheiro ganho ao longo dos anos chega para subsistir? Confira os testemunhos no Maisfutebol.

Diogo Luís cresceu no Benfica e foi lançado por José Mourinho no onze encarnado. Estava na equipa B mas mereceu a confiança do atual treinador do Chelsea. O Special One dava na altura os primeiros passos como técnico principal.

Diogo Luís: primeira aposta do Mourinho foi parar ao banco

O Benfica apresentava um défice de soluções e qualidade nos flancos defensivos. Diogo Luís, então com 20 anos, foi lançado às feras. A 2 de outubro de 2000, o Benfica recebeu o Sp. Braga na sexta jornada do campeonato, com o jovem lateral português como titular.

José Mourinho viria a abandonar o cargo mas o lateral preparado para manter o seu lugar no onze. Terminou a época com 25 jogos pelo Benfica, entre campeonato e Taça de Portugal. Na época seguinte, perde espaço para Pesaresi e Cabral. Lesiona-se, faz apenas três jogos e ruma a Alverca.

Mourinho ia lançá-lo antes mas Diogo Luís ficou sem bateria

«Terminei cedo, ainda com 28 anos»

«Tive uma carreira boa, bons momentos, mas claro que podia ter ido mais longe. Se calhar, foi por demérito meu. Mas joguei no Benfica, depois no Alverca que tinha na altura um bom projeto, o Beira Mar que tinha outra alma antes de mudar de estádio, a Naval que é um clube mais familiar, o Estoril onde está a ter sucesso um amigo, o Marco Silva, e o Leixões, com adeptos muito exigentes», recorda o antigo lateral.

Na época 2008/2009, rumou ao Apollon Limassol. Seria o seu último clube. «Terminei cedo, ainda com 28 anos. Tinha convites da II Liga mas achei que era a altura certa para investir na nova carreira. Aos 33, 34 anos já seria olhado de forma diferente neste meio.»

Diogo Luís é agora Personal Financial Advisor numa instituição bancária. «Claro que sinto falta do cheiro da relva, dos balneários. Fiz muitos jogos no Benfica e fiquei satisfeito por isso, mesmo sabendo que a fasquia era muito alta e que isso se calhar prejudicou alguns jovens. Eu, o Ricardo Esteves, o Rui Baião, etc.»

«A partir daí foi o descalabro»

«Mesmo assim, é preciso não esquecer que o Benfica recebeu o Boavista a dada altura e, se tivesse vencido, passaria para o primeiro lugar do campeonato. Infelizmente, empatámos 0-0. A partir daí, foi o descalabro», recorda o ex-jogador.

O esquerdino, atualmente com 32 anos, acompanha o futebol à distância. «Jogo futebol com amigos, tenho o curso de treinador de II Nível e um dia gostava de ter um desafio desses, se surgir a oportunidade. De resto, gosto de ir aos estádios, mais à Luz mas também ao Estoril ou Belenenses, por exemplo. Vejo mais as movimentações que o jogo em si, mas não consigo evitar.»

«Quanto ao Benfica, é importante lembrar que sempre teve boas camadas jovens. Contudo, muitas vezes aposta-se nos jovens e depois tira-se logo o tapete, ficam a ser eles os culpados quando a equipa perde. Tem agora o André Gomes, que terá um futuro brilhante, e precisa de recuprar alguma mística. O F.C. Porto é o clube que melhor faz isso», considera Diogo Luís.

Nos últimos anos, o antigo jogador reforçou a sua posição como Financial Advisor e acredita que irá colher frutos no futuro.

«O dinheiro que ganho agora não se compara ao que ganhava enquanto jogador, mas se calhar a médio prazo vai acabar por compensar. Sinto-me útil e ganho em outras coisas, como mais tempo para a família», remata Diogo Luís.