O Maisfutebol desafiou os treinadores portugueses que trabalham no estrangeiro, em vários pontos do planeta, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

Leia a apresentação de Diogo Nobre

DIOGO NOBRE, PEIMARI UNITED (Finlândia)

«Na Finlândia há o hábito irritante de nos jogos todos haver uma bola. Os árbitros levam a sério quando lhe chamam bola de jogo! Não me perguntem porquê mas, para introduzirmos apanha bolas nos jogos em casa e jogar com mais de uma bola, foi uma guerra no princípio!

Portanto não foi de estranhar, quando fui jogar a casa dum clube que tinha o campo no meio de uma floresta, com uma ribeira ao lado (sítio lindo mas pouco prático). Durante o jogo a bola caiu nessa ribeira e tendo a equipa adversária e a minha, cada uma um saco de bolas nos bancos, o árbitro ordenou que tinha de ser retirada a bola do rio para jogarmos!

O meu guarda-redes demorou sete minutos a tirá-la e veio com as luvas e a bola molhadas num dia de sol sem nuvens. Azar dos azares, o segundo golo foi por isso mesmo. A bola molhada escorregou-lhe num lance dividido pouco depois e pronto, empate!

No fim do jogo, entre ir buscar a bola à mata/rio perdemos pelo menos 12 minutos. Ainda assim, aos 90 minutos o árbitro acabou o jogo! Eu fui direito a ele e disse: mas você está louco? Nem um minuto de descontos você deu com isto tudo?! E ele muito admirado respondeu: mas não há nenhuma lei no futebol que diga que o jogo tem mais de 90 minutos?!

Mais uma vez isto é explicado pelo Hóquei no gelo, que quando chega ao fim do tempo, a sirene apita e o jogo para! E este árbitro, como todos os outros, nunca viu um jogo de futebol na TV e apenas tirou o curso de árbitro e leu as regras, para ganhar algum dinheiro aos sábados!

Ou seja, num campeonato inteiro nunca tive um minuto de descontos em nenhum jogo e em nenhum escalão! O intervalo também nunca tem 15 minutos, porque os árbitros querem despachar-se e ir para casa rápido! Às vezes, se as equipas estiverem no campo antes, até começam mais cedo o jogo!

Outra coisa curiosa desta divisão onde estou é o facto de não haver fiscais de linha e os árbitros adivinharem se é fora de jogo ou não. Tive grandes problemas com isso, quando joguei com o meu avançado rapidíssimo da Estónia.

Ele é que era muito mais rápido do que os centrais todos e parecia estar sempre em fora de jogo. Eles desconhecem também o que é a lei da vantagem, pois já me cortaram contra-ataques muito perigosos para assinalar faltas a meu favor!

Um grande abraço,

Diogo Nobre»