O 34º título em 34 frases. Das dúvidas iniciais relativamente à permanência de Jorge Jesus até à consagração, passando pelos problemas para definir o plantel ou as «guerras» entre o técnico encarnado e Julen Lopetegui. A lista é naturalmente dominada por declarações de Jesus, não só pelo mediatismo das mesmas, mas também por ser, de longe, o elemento do grupo que mais vezes fala à comunicação social. O presidente Luís Filipe Vieira só falou um par de vezes ao longo da época, e os depoimentos dos jogadores resumem-se quase sempre às «flash interviews» do final dos jogos.

Eis as frases que marcaram a temporada:

1. «Nunca me passou pela cabeça sair do Benfica, o Milan não me entusiasmou»
Jorge Jesus, 29 de maio de 2014

Terminada a época 2013/14 (com a conquista de três títulos), a continuidade de Jesus na Luz ficou em dúvida. Durante alguns pairou no ar um possível fim de ciclo, com notícias do interesse do Milan no técnico português, mas este acabou por permanecer.

2. «Este ano saíram mais jogadores do que é normal, mas temos confiança no trabalho que desenvolvemos.»
Jorge Jesus, 18 de julho de 2014

O treinador ficou, mas muitos jogadores saíram. Quando o Benfica faz o primeiro jogo de pré-época, frente ao Estoril, já tinha perdido Siqueira, Garay, Oblak, Markovic, André Gomes e Rodrigo. Jorge Jesus começou por desvalorizar.

3. «Só trabalho não chega, tem de haver qualidade.»
Jorge Jesus, 20 de julho de 2014

Dois dias depois, após a final da Taça de Honra da AF Lisboa, perdida para o Sporting, o técnico adotou um discurso algo diferente, como que a alertar para a necessidade de reforçar o plantel.

4. «Penso que não vou perder mais jogadores, se não também vou eu.»
Jorge Jesus, 3 de agosto de 2014

A frase foi dita entre sorrisos, mas revelava a preocupação de Jesus a uma semana do início das competições oficiais. Eliseu tinha chegado entretanto, mas o técnico lidava também com a possibilidade de ver sair Enzo Pérez. Neste cenário admitia que era «o ano mais difícil no Benfica», ao mesmo tempo que pedia paciência aos adeptos.

5.«O Benfica não desinvestiu, não investiu foi o mesmo que em épocas anteriores»
Luís Filipe Vieira, 14 de agosto de 2014

Já depois da conquista da Supertaça, e alguns dias antes do arranque da Liga, o presidente do Benfica concedeu uma entrevista ao canal do clube para explicar a política de contratações do clube. Vieira prometeu alguns reforços, mas avisou que não iam surgir «investimentos de 8, 10 ou 12 milhões». Aproveitou ainda para garantir que Enzo e Gaitán só sairiam pelo valor da cláusula.

6. «Há coisas que nos escapam às vezes»
Luís Filipe Vieira, 14 de agosto

Na mesma entrevista o presidente encarnado falou da contratação de Eliseu. Um jogador já pedido anteriormente por Jorge Jesus, que tinha trabalhado com ele no Belenenses, e que várias vezes tinha assumido a vontade de mudar-se para a Luz. A transferência acabou por concretizar-se, mas pouco depois de Eliseu ter renovado contrato com o Málaga, quando estava em final de vínculo. Confrontado com essa situação, Vieira admitiu o erro, mas disse que «o custo não foi muito penalizador».

7. «Iremos aproveitar a formação cada vez mais»
Rui Costa, 15 de agosto de 2014

O aumento do número de jogadores da formação na equipa principal é uma promessa antiga de Luís Filipe Vieira. O presidente do Benfica reforçou essa ideia na entrevista à BTV, e a mensagem foi reforçada no dia seguinte pelo administrador da SAD.

8. «Mal seria se tivéssemos de ficar com um jogador que achássemos que não estava no ponto»
Jorge Jesus, 15 de agosto de 2014

Djavan, Luís Felipe e Candeias. Três jogadores contratados pelo Benfica para 2014/15, mas que não integraram o plantel. O primeiro até foi vendido ao Sp. Braga sem estrear-se oficialmente de águia ao peito. Jorge Jesus considerou a situação normal, referindo que alguns elementos «podem não ser os jogadores ideais no momento mas podem vir a ser no futuro».

9. «O Benfica era um namoro antigo»
Júlio César, 19 de agosto de 2014

Já depois de disputada a primeira jornada da Liga o Benfica confirma a contratação do guarda-redes brasileiro, que já tinha estado nos planos um ano antes. Estava encontrado o sucessor de Oblak, com Júlio César a assumir depois um papel importante na conquista do título, mesmo com alguns problemas físicos pelo meio.

10.«Samaris tem o perfil que queríamos, tanto físico como técnico»
Jorge Jesus, 22 de agosto de 2014


Garantido um novo guarda-redes, o Benfica avançou para a contratação do médio defensivo. Samaris foi recrutado ao Olympiakos por dez milhões de euros e mereceu elogios do treinador, que assumiu estar muito satisfeito.

11.«Quero cumprir todas as expectativas para fazer uma grande época»
Jonas, 13 de setembro de 2014

O último reforço chegou já depois de fechada a janela de transferências. Jonas era um jogador livre, após ter rescindido com o Valencia, e mudou-se para a Luz a «custo zero». Apanhou o comboio já em andamento, mas ainda bem a tempo de tornar-se uma das principais figuras do título.

12.«Conheciam tanto o Talisca como eu conhecia o D’Artagnan»
Jorge Jesus, 15 de setembro de 2014

Talisca foi a grande figura do início da época do Benfica, e mereceu até elogios de José Mourinho. Em entrevista à TVI o técnico português do Chelsea revelou que tinha o médio brasileiro bem referenciado, e que este já estaria em Inglaterra se não fosse a questão da licença de trabalho. Uma declaração que surpreendeu Jesus, que respondeu com a frase acima apresentada. José Mourinho não deixou de dar a resposta, alguns dias depois: «Ele lê Dumas, eu leio gramática.»

13. «Gonçalo Guedes mostrou que está um ano ou dois à frente da sua idade»
Jorge Jesus, 19 de outubro de 2014

A temporada ficou marcada também pela estreia de Gonçalo Guedes pela equipa principal. Foi na Covilhã, para a Taça de Portugal, mas a promessa encarnada fez depois cinco jogos na Liga. Logo na estreia mereceu elogios do treinador.

14. «Há treinadores que fizeram menos do que eu»
Jorge Jesus, 30 outubro de 2014

Dois dias depois de ter sido divulgada a lista de candidatos ao prémio de treinador do ano, atribuído pela FIFA, Jorge Jesus foi questionado sobre a sua ausência, depois de uma temporada em que tinha conquistado os três titulos internos e ainda marcado presença na final da Liga Europa pelo segundo ano consecutivo. A resposta do técnico foi esta, dizendo que não sabia quais os critérios.

15. «Dá a sensação que não há mais nada para ganhar»
Jorge Jesus, 28 novembro de 2014

O Benfica não só foi eliminado na fase de grupos da Liga dos Campeões como ficou mesmo em último lugar do grupo, e por isso disse adeus às provas europeias. No regresso à Liga o técnico desvalorizou o fracasso europeu, lembrando que o objetivo, desde o início da época, era a conquista do bicampeonato.

16.«E se tivessem jogado e fossem expulsos ou falhassem um penálti?»
Rui Pedro Soares, 7 de dezembro de 2014

O Benfica-Belenenses da 12ª jornada fez correr muita tinta, por causa das ausências de Deyverson e Miguel Rosa. No final do encontro o então técnico dos «azuis», Lito Vidigal, disse que os jogadores «estavam condicionados». Pouco depois o presidente da SAD do Belenenses, Rui Pedro Soares, confirmou a opção de recompra do Benfica sobre os dois jogadores, mas garantiu que a decisão de não jogarem foi da estrutura que lidera.

17. «Tenho a melhor impressão possível de Jesus como treinador»
Julen Lopetegui, 13 dezembro de 2014

Na antevisão do primeiro duelo com o Benfica, no Estádio do Dragão, o treinador do FC Porto deixou elogios ao «excelente trabalho» de Jesus. Com o tempo tudo ficaria diferente...

18. «Foi um tiro no porta-aviões»
Jorge Jesus, 20 de dezembro de 2014

Ainda antes do final de 2014 o Benfica disse adeus a mais uma prova. O Sp. Braga venceu na Luz e garantiu a passagem aos quartos de final da Taça de Portugal. Jesus desvalorizou a derrota, dizendo que «o porta-aviões tem muito poder e capacidade».

19. «Vamos ter que arranjar uma solução para o lugar de Enzo»
Jorge Jesus, 31 dezembro de 2014

No antepenúltimo dia do ano o Benfica confirmou a venda de Enzo Pérez ao Valencia, por 25 milhões de euros. Um valor abaixo da cláusula de rescisão (30 milhões), algo que Luís Filipe Vieira tinha garantido em agosto que não aconteceria. Jesus deparava-se com a saída de mais um jogador nuclear, e falava de Talisca e Pizzi como candidatos mais prováveis ao lugar de Enzo.

20. «Vamos falar no final da época»
Luís Filipe Vieira, 2 de janeiro de 2015

O presidente do Benfica abriu o ano com uma entrevista ao jornal «A Bola», na qual revelou que a renovação de Jorge Jesus seria discutida apenas no final da época. «Antes de iniciar a época disse que Jorge Jesus podia renovar mantendo as atuais condições. Ele entendeu que não era o momento, e eu respeito isso, por isso vamos falar no final da época», explicou Vieira.

21. «Em cinco meses já fizemos duas equipas»
Jorge Jesus, 4 de janeiro de 2015

O treinador do Benfica voltava a abordar a questão das saídas de jogadores influentes, e das dificuldades sentidas para manter a equipa dentro da exigência habitual.

22. «Benfica não podia exigir mais de mim»
Enzo Pérez, 6 de janeiro de 2015


Pouco depois da mudança para Espanha, o médio argentino deu uma entrevista ao jornal «O Jogo». Enzo tinha dito, na apresentação como jogador pelo Valencia, que a transferência «ficou clara no verão», mas rejeitou a ideia de que entre esse período e a concretização da transferência, nos últimos dias do ano, já não estivesse com a cabeça na Luz.

23. «A minha renovação não tem a ver com os resultados desportivos. Se fosse isso...»
Jorge Jesus, 14 de janeiro de 2015

Ainda que as decisões relativas à renovação de contrato tenham sido remetidas para o final da época, o treinador do Benfica refutou a ideia de que o assunto estivesse dependente da prestação do Benfica em 2014/15, defendendo que, por esse prisma, a continuidade estava assegurada.

24. «Bernardo? A Academia do Benfica é exatamente para isto.»
Jorge Jesus, 21 de janeiro

Emprestado no início da época ao Mónaco, Bernardo Silva foi comprado pelo emblema francês em janeiro, por 15,75 milhões de euros. Jorge Jesus foi questionado sobre o assunto no dia seguinte, e respondeu que o trabalho no Seixal servia precisamente para «formar e tirar proveito financeiramente disso».

25. «Não acho fácil o Sporting recuperar os pontos e ultrapassar os dois rivais»
Jorge Jesus, 8 de fevereiro de 2015

Após o empate em Alvalade, alcançado com um golo de Jardel nos descontos, o treinador do Benfica admitiu que o rival lisboeta ficasse afastado da luta pelo título. Os «leões» não conseguiram então reduzir os sete pontos de desvantagem para o Benfica, e tinham ainda o FC Porto pelo meio.

26. «O treinador do FC Porto está sempre a falar de arbitragens, é natural, mas não sei a que jogo se refere, se é o Penafiel-FC Porto.»
Jorge Jesus, 27 de fevereiro de 2015

À medida que a Liga foi avançando, a troca de recados entre Jorge Jesus e Julen Lopetegui foi aumentando, quase sempre com a arbitragem como tema central.

27. «Número de expulsões a favor do Benfica é tremendamente desproporcionado»
Julen Lopetegui, 19 de março de 2015

O treinador do FC Porto deixou várias críticas à arbitragem ao longo da época. Não só relativamente aos jogos da sua equipa, mas também relativamente aos encontros do Benfica. Nomeadamente a propósito do número de expulsões que favoreceram as «águias» (e que nesta altura era de 14).

28. «Sinto-me muito cómodo e contente com o que tenho.»
Maxi Pereira, 24 de março de 2015

A renovação de Jorge Jesus não foi o único «tabu» da época. O futuro de Maxi também permaneceu em aberto, para impaciência dos adeptos encarnados, que tanto se identificam com a garra do uruguaio. Integrado num estágio da sua seleção, no Algarve, o lateral direito falou sobre o futuro, e apesar de garantir que se sente bem em Lisboa limitou-se a dizer que «o presente é que o mais importa e o futuro logo se verá».

29. «Não é só quando estamos a ganhar e a jogar bem...»
Jorge Jesus, 4 de abril de 2015

Na 27ª jornada da Liga o Benfica venceu o Nacional por 3-1, mas a exibição não entusiasmou a Luz. O treinador é que também não gostou da reação dos adeptos, e fez questão de deixar um recado.

30. «Mais uma marca batida, 329 jogos como capitão desse clube imenso»
Luisão, 26 de abril de 2015

O jogo com o FC Porto, na Luz, proporcionou mais um recorde ao internacional brasileiro: superou o histórico Mário Coluna como jogador que mais vezes envergou a braçadeira de capitão do Benfica. Um registo destacado pelo próprio Luisão nas redes sociais.

31. «Lopetegui é um líder como homem, a qualidade como treinador é outra coisa.»
Jorge Jesus, 30 de abril de 2015

Disputado a 26 de abril, o clássico entre Benfica e FC Porto terminou empatado a zero, resultado que beneficiou o líder. Pouco atrativo dentro das quatro linhas, o jogo ficou marcado por um desentendimento entre Jorge Jesus e Julen Lopetegui, no final do encontro. Quatro dias depois, em entrevista ao jornal «Sol», o treinador do Benfica apresentou a sua versão dos acontecimentos, referindo que o colega de profissão tinha ficado desagrado com uma ocasião anterior em que lhe tinha trocado o nome.

32. «Só me engano quando quero.»
Jorge Jesus, 1 de maio de 2015


Julen Lopetegui criticou a entrevista de Jesus ao «Sol», e associou-a a uma tentativa para desviar as atenções da nomeação de João Capela para o Gil Vicente-Benfica. «Com esse nome não se enganam», disse o espanhol. Na resposta Jorge Jesus disse que só se enganava nos nomes quando queria.

33. «Jesus acreditou em mim»
Pizzi, 14 de maio de 2015

O Benfica iniciou a época com Enzo Pérez a «8», e após a saída do argentino para o Valencia a escolha de Jesus começou por recair em Talisca. Aos poucos, contudo, Pizzi foi conquistando o posto ao brasileiro, e assumiu-se como uma figura influente na conquista do título. Mais uma adaptação de sucesso do treinador do Benfica.

34. «Houve dois jogos fundamentais: o jogo com o FC Porto na Luz e o jogo em Alvalade, onde sabíamos que se não perdêssemos um dos rivais ficaria fora do título.»
Jorge Jesus, 17 de maio de 2015

O empate em Guimarães, conjugado com o tropeção do FC Porto no Restelo, chegou para soltar os festejos e permitiu a Jorge Jesus identificar aqueles que, em sua opinião, foram os pontos determinantes da conquista: um título decidido nos confrontos diretos com os rivais.