No domingo viaja para Paris, numa jornada que termina em Le Mans. Pedro Eugénio, algarvio de gema, filho do ex-lateral Eugénio (Farense), vai assinar pelo clube do português Paulo Duarte. Para trás deixa a formação feita no Benfica. Deixa também o futebol português. Deixa, por fim, o pesadelo de dois meses sem jogar.
A passagem ao futebol sénior foi mais complicada do que o lateral (19 anos) imaginava. Três anos na formação do Benfica, várias chamadas às selecções jovens e dois treinos com o plantel de Quique Flores garantiam-lhe a ilusão de uma evolução tranquila para o futebol profissional: mas não foi. «O Le Mans foi um alívio.»
«No final da última época, quando terminei a minha formação, tinha uma proposta para assinar contrato profissional com o Benfica e tinha uma proposta de um clube da liga inglesa, que me queria emprestar no primeiro ano. O Benfica queria dar-me contrato profissional, mas achei o estrangeiro melhor», conta.
Duas hipóteses a voar e um jovem sem clube
Uma escolha motivada por um sonho antigo. Pedro Eugénio diz que sempre teve a ilusão de jogar no estrangeiro. Sobretudo na pátria mãe do futebol. «Inglaterra foi sempre o meu sonho.» Ora quando a possibilidade chegou, o jovem entrou no comboio do desejo. Empurrado, lá está, pelo sonho que trazia da infância.
«Depois não se concretizou nem uma nem outra», diz. O que se seguiu foram dois meses sem clube. Pedro Eugénio voltou para o Algarve, treinava no Messinense e desesperava. «Antes de aparecer a possibilidade de ir para o Le Mans lamentei não ter assinado pelo Benfica. Eu queria jogar à bola e estava parado.»
O Le Mans e a vontade de trabalhar ainda mais
«Era uma situação muito má. Mas agora tudo é passado. Quando surgiu esta oportunidade fiquei contente. Foi uma boa notícia. Não pelo facto de ser o Le Mans, mas porque estava parado há dois meses.» O facto de estar desempregado permite-lhe assinar já. «Vou com muito optimismo. Quero aprender e evoluir.»
«É muito difícil chegar a sénior e não ter clube. Sobretudo depois de ter feito tantos jogos nas camadas jovens. Fica-se um bocado em baixo e a criar dúvidas. Mas o Le Mans veio resolver tudo e dar-me força para trabalhar mais. Vou com vontade de aprender com grandes jogadores, de evoluir e de jogar.»
O Benfica e o sonho de qualquer miúdo
Lamentar? Lamenta, claro. «É sempre diferente ter uma ligação com o Benfica ou com outro clube. O Benfica é o Benfica. O sonho de qualquer miúdo é ter um contrato com o Benfica.» Mas nesta altura Pedro Eugénio não quer pensar nisso. É passado, diz. «A vida conduziu-me para outro lado e tenho de seguir em frente.»
Na bagagem leva a capacidade de voltar a sonhar. «Se me passa pela cabeça afirmar-me a titular? Se me fizesse essa pergunta no início da época, diria que sim. Agora lembro que eles já têm três meses de trabalho. Nesta altura não peço muito. Quero chegar ao Le Mans e fazer uma boa época. É tudo o que peço», termina.