Os responsáveis pela segurança do Mundial de futebol de 2006, a realizar na Alemanha, terão de ficar de olhos postos nos VIP, nas ameaças de bombas e nos jornalistas. O conselho partiu do director do Estádio da Luz, Jitesse Arquissandas, que se deslocou a Hamburgo, uma das 12 cidades escolhidas para a competição, para falar da sua experiência no Euro 2004.
«As piores pessoas nos estádios são os VIP», diz Arquissandas num fórum sobre tecnologia e segurança. E os exemplos não faltaram: «Envia-se um convite ao presidente, ele traz o filho e não há forma de o impedir. Temos de dizer a toda a gente que qualquer pessoa tem de ter uma acreditação. É preciso ter a certeza de que ninguém entra sem bilhete ou credencial, nem o presidente do clube, nem o presidente da república», aconselha o dirigente do Benfica.
Os hooligans são outra preocupação, mas, neste capítulo, Jitesse Arquissandas acredita que a acção concertada da polícia e dos vários governos pode impedir os hooligans de viajarem.
«Atenção às bombas e aos jornalistas»
Depois do atentado de 11 de Março, em Madrid, as acções terroristas representam mais um sério problema que os organizadores do Mundial 2006 terão de enfrentar. «Os maiores problemas são as acreditações e as bombas. Tivemos muitas ameaças de bomba no Euro 2004, pouco tempo depois do 11 de Março. Os hooligans não são um grande problema, pois os piores já foram identificados e impedidos de viajar. Podem estar um ou dez nas bancadas, mas isso não é nada entre 65 mil espectadores», considerou o director do Estádio da Luz à agência Reuters.
Na opinião de Arquissandas, também é preciso alguma atenção com os jornalistas, já que «nos primeiros dias, eles tentam ficar amiguinhos e depois aparecem em locais onde não devem estar. Isso cria problemas com as equipas e os treinadores, que dizem que não dão entrevistas a ninguém.» Como exemplo, o director da Luz destaca os problemas que teve com os jornalistas das televisões durante o Euro 2004. «Adoro os jornalistas das televisões, mas para mim são um pesadelo. Eles querem pôr cabos por todo o lado. Quanto voltei um dia depois da final parecia que o meu novo estádio já tinha dez anos», revelou.
Jitesse Arquissandas falou também dos problemas informáticos que podem surgir durante a competição. «Perdemos as nossas ligações no Euro 2004 e a certa altura andava toda a gente à procura de resolver o problema. É preciso ter um sistema alternativo não informatizado», aconselhou o director, desejando que as «más experiências» que teve durante o Europeu em Portugal não se repitam no Mundial da Alemanha.