A afirmação é suspeita. Despista toda e qualquer hipótese de qualificação ao F.C. Porto. Para Connor Sellars, o detentor da Liga Europa vai cair com estrondo em Manchester. «Depois de perderem 1-2 no Dragão, não têm grandes hipóteses.»

Mas, afinal, quem é este estranho e o que o leva a desferir tão definitivo julgamento? Ora aí vai: Sellars foi jogador do ManCity até Junho do ano passado e veste agora a camisola do Clube de Futebol Fão, na Serie A da III Divisão Nacional portuguesa.

Uma mudança com tanto de bizarro como de intrigante: do universo faraónico do City à modéstia acolhedora do emblema minhoto. Incrível, de facto.

Primeiro, porém, falou-se do F.C. Porto. «Sinceramente, nunca pensei que o meu City viesse ganhar ao Dragão. Foi uma grande surpresa. Somos mais fortes em casa e lá, creio, vamos resolver. O F.C. Porto não passa», vincou Connor Sellars ao Maisfutebol, assumidamente de coração toldado pela clubite.

«Sim, continuo a amar o Manchester City, apesar de ter saído de lá. Tenho saudades do ambiente daquele estádio [City of Manchester]. Há muito barulho, a atmosfera é extremamente intensa e apaixonada. Pode mesmo intimidar os visitantes. O estádio vai encher e o F.C. Porto vai ter uma recepção dura, um pouco como aconteceu nas visitas a Old Trafford [casa do vizinho United].»

Para Sellars, Vítor Pereira só pode pensar em «defender bem e apostar tudo no contra-ataque com o Hulk». «O Dzeko e o Aguero combinam bem, por isso os defesas do F.C. Porto têm de estar sempre com a concentração no máximo.»

Do City ao Fão: «Estive perto do Benfica»

Vários anos na academia do City não permitiram a Connor treinar uma única vez com a equipa principal. O jogador do Fão passava ao lado, olhava com inveja, mas nunca chegou a ser chamado por Roberto Mancini. «Uma pena», confessa. Ainda assim, conhece da cabeça aos pés todos os jogadores.

«O David Silva é o elemento mais influente. Tudo passa por ele, é o playmaker. Recebe, passa, remata, é incrível», elogia Connor Sellars. «Admiro também o Nigel De Jong, pela agressividade e competitividade que mete em qualquer jogo, e o capitão Vincent Kompany. Era ele quem me dava mais conselhos.»

O mundo do City virou do avesso nos últimos anos. Os milhões do xeque Mansour exterminaram os sonhos dos jovens da academia. O plantel principal é feito, em exclusivo, por jogadores oriundos de outras paragens.

«As reservas já não são o que eram. Exceptuando raríssimos casos, os jogadores não transitam para o plantel principal. Foi o que aconteceu comigo. E, olhe, acabei por mudar-me para Portugal.»