Corroído pela dor, pela feição do sofrimento, Francisco Varallo deixou o futebol aos 29 anos. O joelho que lhe roubou o Mundial de 1930, roubou-lhe também um dos maiores prazeres na vida. Pancho, outra das suas alcunhas, vestia a mítica camisola do Boca Juniores. O gigante da Bombonera canonizou-o no museu do clube.

«Marquei 186 golos pelo Boca. Só há poucos anos, o Martin Palermo ultrapassou essa marca. Agora vão deixar de falar de mim», conta ao Maisfutebol, sempre harmonioso, devoto a uma personalidade ainda hoje venerada por toda a Argentina.

«Fiquei aborrecido, claro. Preferia ser eu o maior goleador do Boca Juniors», vinca, amparado numa honestidade pouco vista nos tempos que correm. «Quando o Palermo me roubou o recorde, fiz um pedido aos céus: um bisneto. O meu filho jogava pouco e os meus netos eram bons, mas também não foram longe. Agora sei que o meu bisneto vai jogar no Boca e marcar mais golos do que o Palermo.»

Francisco Varallo tem 100 anos e continua apaixonado por futebol. Vê todos os jogos do Mundial de 2010 e acredita que Maradona vai levar a Argentina ao título. «É um bocado loco, mas gosto dele. Está na hora de ver o meu país sair novamente às ruas e festejar. Esta é a minha última oportunidade.»



Don Varallo não é apenas mais um jogador na história da FIFA e do futebol. Varallo é a encarnação dessa própria história.

A recordação de um penalty histórico: