Quatro anos no Marselha, um e meio na Luz. Manuel dos Santos tem currículo nas duas equipas que esta quinta-feira se defrontam no Vélodrome, para a segunda mão dos oitavos-de-final da Liga Europa. Diz que há diferenças entre os dois clubes, a mais notória reside nos adeptos. Fanáticos pelo OM, Dos Santos diz que «em Marselha nem se pode passear, não se pode sair com a família à rua». Lisboa deixou-lhe saudades e, quanto ao jogo, fala de Lucho, Niang e de um imprevisível Ben Arfa, para além da qualidade dos portugueses.
«Claro que já vi o Benfica este ano, gostei do encontro com o Everton e não estou surpreendido com o primeiro lugar», disse Dos Santos, ao Maisfutebol e à «TVI», para depois enumerar protagonistas nos lisboetas: «Aimar foi uma figura do Valência, o Di María estou a conhecer agora. A equipa tem um grande poder ofensivo e lá atrás tem o Luisão e o David Luiz, que está muito, muito bem. É uma equipa completa.»
«Benfica não jogou muito bem, mas foi campeão»
Manuel dos Santos despediu-se do OM depois de perder a final da Taça UEFA, curiosamente, contra um Valência que ainda tinha Pablo Aimar. O lateral-esquerdo chegou então ao Benfica e sentiu de imediato diferenças. «Os adeptos cantam do primeiro minuto até ao final, são fanáticos, não encontrei isto em mais nenhum lado», conta, com os olhos bem abertos e a acenar a cabeça, em sinal de precaução para os encarnados.
«No Benfica, os adeptos têm mais proximidade com os jogadores, têm mais respeito, mais carinho, agora Aqui, o ambiente fora do estádio¿.o Marselha é impressionante, quando a equipa não está bem, os adeptos vaiam», continua, para depôs concluir sobre o tema: «A vida na cidade também é muito difícil. Não se pode sair e passear com a família. Isso foi uma coisa que gostei em Lisboa, os adeptos respeitavam, inclusive os do Sporting.»
Niang perigoso, Lucho metrónomo, Ben Arfa não se sabe
Em campo, Dos Santos, nascido em Cabo Verde, mas com nacionalidade francesa, refere que há semelhanças entre gauleses e lisboetas. «Marselha e Benfica são similares, têm historial e massa adepta importante», diz, para depois entrar no jogo propriamente dito.
«O Marselha de hoje é muito táctico, não dá espaços, na minha época arriscava mais, no entanto, o Benfica tem de preparar bem o começo do jogo, porque a claque vai estar com a equipa e o OM vai pressionar», considera o antigo lateral, agora a estudar para ser treinador. «O Benfica quando joga no seu estilo obtém resultados», acrescenta, para apontar, de seguida os principais perigos marselheses.
«Tem de se estar em cima do Niang. Mesmo que na primeira mão não tenha estado bem, é o melhor avançado do Marselha. Se o Ben Arfa jogar é preciso atenção, porque ele é imprevisível, pode fazer um grande jogo, ou passar despercebido, mas se está num bom dia é preciso estar muito atento», analisa Dos Santos.
Por fim, claro, o homem que gere a equipa, Lucho Gonzalez. «Teve alguns problemas no começo, porque aqui corre-se mais. É o metrónomo do meio-campo, ele é que faz jogar o Olympique», concluiu.