Vai fazer 40 anos que o Estádio Nacional do Chile foi usado como campo de detenção de milhares de pessoas, nos dias negros do golpe de Estado que destituiu Salvador Allende e deu início à ditadura militar encabeçada por Augusto Pinochet. Foi a 11 de setembro de 1973 e na próxima madrugada a seleção do Chile volta ao estádio, para defrontar a Venezuela na qualificação para o Mundial 2014. A Amnistia Internacional quer assinalar o momento e lançou uma campanha a apelar aos jogadores e adeptos que não celebrem o primeiro golo que a «Roja» marcar.

«A todos os jogadores do Chile, queremos pedir que, quando chegar o primeiro golo, não gritem», diz a campanha, lançada em vídeo: «Se querem realmente celebrar, mantenham o estádio em silêncio.» «Sabemos que reprimir o primeiro grito de golo é pedir muito. Mas a parte boa é que o segundo vamos festejá-lo com tudo», conclui a mensagem.

A campanha deu nas vistas e a hashtag #goldesilencio foi tendência no Twitter, mas divide opiniões. Muitos começam por criticar ter sido lançada demasiado em cima da hora, não dando tempo a que as pessoas interiorizassem a ideia. Há quem elogie a ideia, mas a considere impraticável. E quem defenda outro tipo de manifestação, como um minuto de silêncio, ou uma faixa negra, mas não esta, por ir contra o que representa futebol e paixão. «Fazer o golo de silêncio, pelo menos para os verdadeiros adeptos de futebol, é impossível. A pura adrenalina faz-te gritar», resume um adepto no Twitter.

Também há quem recorde que a discussão já levantou pelo menos o debate sobre o tema e despertou memórias de 1973. Naquele 11 de setembro, mais de 12 mil pessoas foram detidas, torturadas e interrogadas no Estádio Nacional. Muitas desapareceram, naqueles dias e ao longo dos anos do regime de Pinochet.

Veja a campanha Golo de Silêncio