FC Porto, Benfica e Sporting gastaram nos primeiros nove meses da temporada desportiva mais de 75 milhões de euros em custos de pessoal, montante esmagadoramente dirigido a futebolistas e equipas técnicas, refere a Lusa.

Somando os proveitos dos três grandes do futebol português arrecadados nos três primeiros trimestres chega-se a uma verba ligeiramente superior aos 121 milhões de euros, mas 62% foi canalizada directamente para salários e prémios aos plantéis profissionais.

A três meses de encerrar a contabilidade da época desportiva, só o FC Porto conseguiu lucros entre Junho de 2009 e Março de 2010, apresentando resultados líquidos superiores a dez milhões de euros, muito por culpa da venda do argentino Lisandro Lopez e do francês Aly Cissokho ao Lyon.

Transferências são chave para melhorar contas

Os quase 40 milhões de euros arrecadados pelos portistas entraram na contabilidade do primeiro trimestre e acabam por pesar definitivamente para os resultados líquidos positivos dos portistas, o que volta a provar que os emblemas portugueses têm de vender jogadores para conseguirem contas mais equilibradas.

Sem protagonismo nos últimos mercados de transferências, Sporting e Benfica já apresentam prejuízos significativos e ainda falta o trimestre que costuma ser mais penalizador, por apanhar grande parte do defeso.

O Sporting já somou prejuízos que quase chegam aos 15 milhões de euros, enquanto o novo campeão nacional já tem um «buraco» muito perto dos 23 milhões, arriscando-se mesmo a superar a fasquia dos 30 milhões quando encerrarem as contas da temporada.

Apesar de ter resultados negativos inferiores aos do Benfica, o Sporting é, dos três grandes, o que se apresenta em condições financeiras mais tremidas, pois é o único que registou números negativos nos capitais próprios (um défice superior a 30 milhões de euros).

Novas regras excluiriam dois grandes das competições europeias

Já o Benfica apresenta o grande mérito de ter conseguido proveitos (contas que excluem passes dos jogadores) quase iguais ao FC Porto, que nas suas contas (47,1 milhões) teve o bónus da presença na Liga dos Campeões (mais de 18 milhões de euros), enquanto o Benfica teve de contentar-se com a «secundária» Liga Europa. Mesmo assim, ganhou em caixa 46,4 milhões.

Com estes resultados, se o «fair-play» financeiro, medidas adoptadas pela UEFA, e que entrarão em vigor dentro de duas épocas, estivesse já em vigor, apenas FC Porto teria visto para participar nas competições europeias.

Se quisessem abrir as portas das lucrativas provas da UEFA, que, dentro de dois anos, vai passar a exigir aos clubes rendimentos superiores aos custos, Sporting e Benfica teriam obrigatoriamente de encaixar numerário com a venda de jogadores, a única solução que pode assegurar algum equilíbrio financeiro aos clubes portugueses.