Quando trocou Olhão por Blackburn, Edinho estava longe de saber que acabaria a jogar na Índia. Mas foi precisamente isso que aconteceu. Em março, o avançado foi por empréstimo para o Shillong Lajong, da 1ª liga indiana, e mudou-se de Inglaterra para Shillong, uma cidade no nordeste da Índia a mais de 1900 quilómetros de Nova Deli.
De Olhão para a Índia, passando por Inglaterra
«A receção não podia ter sido melhor», garantiu ao Maisfutebol. «As pessoas fizeram-me sentir bem. Andavam sempre a perguntar se eu precisava de alguma coisa, se eu estava bem. E isso é importante para um jogador que vai assim para fora. Se não tivermos as condições, é mais difícil.
O avançado teve ainda que se habituar a um estilo de futebol diferente. «Quando vamos para lá, pensamos que o futebol é um bocado amador, mas não é. É muito evoluído. Além disso, é um tipo de jogo mais físico, mais compacto».
O carinho dos adeptos
A alegria é indisfarçável quando se pergunta ao avançado sobre a reação dos adeptos à sua chegada. «Eu fui para lá numa altura em que o clube estava a lutar para não descer. Cheguei lá, era português, o único europeu da equipa, jogava na seleção e marquei dois golos logo no primeiro jogo. Na primeira vez que joguei em casa foi extraordinário. As pessoas levaram cartazes para mim, ouvi 20 mil pessoas gritarem o meu nome no estádio e depois, no final do jogo, fui o último a ir embora porque os adeptos ficaram a pedir-me autógrafos e fotografias! Nunca tinha vivido uma coisa assim», conta o avançado de 19 anos.
«No final, já havia um cartaz enorme com a minha fotografia na cidade e nem queriam que eu viesse embora», conta. «As pessoas lá têm uma enorme paixão pelo futebol», explica o jogador, «ainda para mais sendo uma cidade tão longe da capital».
Mas a personalidade do avançado português também ajudou. «Eu tenho uma alegria grande em jogar e danço e faço sempre muitas palhaçadas quando marco um golo, por isso os adeptos estavam sempre a ver o que eu ia fazer a seguir».

O choque cultural
Edinho não esquece o primeiro impacto que teve do país. «Achei que eram muitas pessoas nas ruas, animais, vacas por todo o lado. E as estradas... demorei quatro horas a fazer 100 quilómetros! É frustrante!», recorda, mas garante logo a seguir: «A experiência foi fantástica».
Outro choque foi gastronómico. «Não gosto da comida indiana. É tudo muito picante, com muitos molhos, e eu não me dei bem com isso. A primeira vez senti o estômago pesado, como se tivesse comido pedras». E então qual foi a solução? «Comi só arroz e massa durante dois meses. Quer dizer, a meio tive que vir a Portugal para jogar pela seleção e cá comi bem. Deu para compensar», garante.
Mas mesmo com essa contingência alimentar, Edinho garante que ficaria mais tempo na Índia, se fosse preciso. «Nem que levasse comida de cá na bagagem», conta, meio a brincar.
Difícil de habituar foi também toda a pobreza que viu na rua. «Era impressionante. Quando vim a Portugal, levei muitas coisas para dar às crianças lá e tentei ajudar sempre que pude. Também por isso é que as pessoas gostavam tanto de mim. Tratavam-me como um herói», conta.
«Foi uma experiência muito importante, que me fez crescer muito, não só como jogador, mas também como homem», garante.