Adesvaldo José de Lima é o autor do único golo do Benfica no Vélodrome. Esse feito tem de ser igualado por alguém, para os encarnados seguirem em frente na Liga Europa 2009/10. Em desvantagem na eliminatória, os lisboetas têm obrigatoriamente de marcar. Por isso, o Maisfutebol chegou à fala com Lima, o único que furou as redes francesas, antes de Vata concluir o assunto, na Luz, e levar o Benfica para a final da Taça dos Campeões Europeus, em 1990.
Era 4 de Abril daquele ano, o Vélodrome fervia para ver Papin, Francescoli, Waddle, Deschamps, Tigana, Mozer e companhia. Mas aos dez minutos, fez-se silêncio. O 1-0 (veja o vídeo no final da página) para o Benfica chegava pela cabeça de um brasileiro cujo crédito ainda era pouco, apesar de dois golos na ronda anterior, ao Dniepr, antiga URSS.
«O golo ao Marselha foi uma coisa importante, depois de muito tempo, estava um pouco desacreditado», recorda Lima. «Era muito difícil chegar ao Benfica e ter um lugar e, por isso, para mim, Marselha foi uma grande oportunidade», prossegue, numa viagem com 20 anos.
O conto continua, em discurso directo: «Vínhamos de um grande resultado (3-0) em Dniepr, na Rússia, num jogo em que marquei dois golos, mas o Marselha tinha o Papin, o Mozer, grandes craques.» Lima acrescenta que «o golo foi de grande valia, mesmo ali atrás do Mozer, e o resultado foi muito positivo», para depois considerar que a passagem à final foi justa. «Eu creio que o Benfica era uma equipa mais bem composta que o Marselha, tinha jogadores de selecção, não só portuguesa como brasileira, como Valdo, Aldair e Ricardo Gomes», argumenta.
O Maisfutebol pediu a Lima para descrever o 1-0, de um resultado que seria favorável ao OM por 2-1, com Sauzée e Papin a marcarem para os gauleses, depois de uma segunda parte assombrosa. Pedido feito, pedido garantido: «Quase todos os golos que fiz no Benfica saíram dos pés do Valdo. Nesse não foi diferente, foi ele quem bateu o canto e eu no meio da área fiz de cabeça.»
«Mostro a France Football a todos»
O golo de Lima ao Marselha foi o último do brasileiro pelos encarnados, encerrando um total de 14, apesar de ter ficado na equipa de 1990/91. As primeira páginas pelos encarnados foram, assim, raras, mas após Marselha, após o Vélodrome, há páginas que guarda com carinho. «Depois de marcar o golo, vi a minha foto na France Football, é uma coisa que mostro a todos», conta.
O golo ao OM e os dois ao Dniepr são os motivos que levam adeptos, e não só, a recordar Lima, no Benfica. Esses três golos e um corte de cabelo. «Já mudei isso, era outra época, continua grande, comprido atrás, aquilo foi coisa do passado», conta, para nos dizer depois que trabalha num projecto para rodovias, embora continue ligado ao futebol. «Falo sempre com o Grémio, afinal fui dos maiores goleadores dos Gre-Nais», os derbies de Porto Alegre que colocam o tricolor gaúcho frente ao Internacional, que Lima também representou.
Por fim, e depois de várias perguntas sobre os antigos colegas, Lima falou da segunda mão de 1990. «Ah, o jogo do Vata», disse, numa sonora gargalhada. «Ele continua a dizer que não marcou com a mão? É, ele tem de dizer isso, mas toda a gente viu», riu Lima, bem disposto.
Resumo Marselha-Benfica, 1990