A Académica vai medir forças com o F.C. Porto pela segunda vez esta época. Na primeira ocasião, as coisas não correram bem para os estudantes, que se inclinaram perante o campeão vergado pelo peso de um 0-3 convincente e sem grande margem para justificações. Pedro Emanuel distingue, no entanto, os dois encontros e reforça a vontade de estar no Jamor.

«São competições completamente distintas, não confundamos. Jogar com um grande traz sempre um estímulo extra, em qualquer altura. Por se tratar de uma eliminatória e em casa, há ingredientes para termos a motivação ao máximo, darmos um bom espectáculo, e ir em busca desse sonho de chegarmos o mais longe possível, naturalmente, à final», afirma o técnico.

Sem querer falar em sorte ou azar - o técnico da Briosa vê antes o futebol como um jogo de competências -, Pedro Emanuel acredita que o primeiro jogo, para a Liga, revelou um dragão ferido do orgulho e, como tal, que precisou de puxar de todos os galões em Coimbra. E quando assim é, não há muito a fazer. É a lei do mais forte.

«Penso que foi o melhor jogo do Porto, apanhámo-lo no melhor momento. Depois alguns resultados menos positivos, veio demonstrar que tem capacidade para lutar por outros objectivos que não os da Académica. Mss realço a atitude da equipa. Quisemos jogar o jogo pelo jogo e fomos os prejudicados por isso. Houve mais mérito deles do que demérito nosso», enfatiza.



«O conhecimento da altura é mesmo que tenho agora, porém, nesse jogo as individualidades do F.C. Porto vieram ao de cima em função do colectivo. Estava um jogo equilibrado e num par de minutos, fizeram dois golos, ganharam conforto e isso permitiu gerir. Agora, é outro jogo, outra competição, outra história e momento. E vamos encará-lo de forma abnegada», promete.

Estratégia diferente e poupanças

O treinador dos estudantes admite uma estratégia «ligeiramente» diferente desta vez, até por se tratar de um jogo a eliminar, mas não irá abdicar dos princípios da equipa nem da ambição de chegar ao Jamor, agora que a equipa falhou outro objectivo, a Taça da Liga, eliminada pelo Penafiel, da II Liga. O desejo de redenção dos jogadores é elevado, mesmo face ao calibre do adversário.

«Até pela história, o F.C. Porto é o favorito nesta eliminatória, e as nossas probabilidades são inferiores, mas tentaremos potenciá-las ao máximo. Vamos ter de colocar em campo todas as nossas capacidades e os limites a que nos propusemos. É uma fasquia alta, a partir do momento em que o treinador assumiu que quer chegar à final», relembra, com ênfase.

Tal como no jogo para a Liga, os dragões vêm de uma sequência de maus resultados mas o contexto é distinto: «Estiveram muitos internacionais fora, provavelmente virão desgastados e com outra disponibilidade. Também temos lesões, mas a motivação e disponibilidade serão tão grandes ou maiores. Fomos eliminados de uma prova recentemente, temos o nosso orgulho e acima de tudo vontade de voltar ao nível a que as pessoas se habituaram.»

F.C. Porto não vai descartar a Taça de Portugal

A história não joga nada a favor da Académica. São 41 anos de invencibilidade portista nas visitas à cidade do Mondego. Um recorde que, um dia, há-de cair, como todos. E se for já este sábado? «Estamos a eliminar feriados, mas, se calhar, seria feriado aqui em Coimbra... Temos a noção das realidades. Só quem não conhecer a realidade pode dizer que há 50 % de possibilidade, mas vamos tentar contrariar as estatísticas.»

Além da gestão do plantel, em função do desgaste dos jogadores que tiveram compromissos internacionais, o F.C. Porto joga a seguir uma cartada decisiva frente ao Shatiakr na Liga dos Campeões, mas Pedro Emanuel não acredita num levantar do pé: «Se bem conheço o Porto, não acho que vá descartar a Taça de Portugal, independentemente do momento. E como sabem, no ano passado, ganhou quase tudo.»