Emerson é o bode expiatório do Benfica, nesta altura. Pelo menos, aos olhos dos adeptos. Quando se procura um nome na lista de responsáveis por um desaire, o brasileiro surge no topo. Jorge Jesus defende-o com unhas e dentes. Capdevila aguarda, na bancada.

Opinião: Os problemas de Emerson

Quem conhece Emerson sabe que as expetativas não podem ser demasiado elevadas. Não é uma estrela. Destaca-se pela regularidade, uma mediania que deixa os adeptos do Benfica com saudades de Fábio Coentrão ou Léo. No jogo contra o Chelsea, mais razões para desconfiar.

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Mas, afinal, o que vale este lateral brasileiro de 26 anos. Esteve cinco épocas em França, com utilização intermitente no Brasil. Antes, crescera no Corinthians Paranaense (antigo J. Malucelli ou Malutrom). Desde cedo, acumulou desempenhos com parca exuberância.

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«É preciso lembrar que o Emerson não está no Benfica por acaso. Agora, é um jogador que não inventa, é um lateral muito prático. Não esperem dele uma jogada de craque, um improviso, porque não é esse tipo de jogador», reconhece Luciano Gusso, treinador que o lançou no Brasil.

«Quando um jogador não tem apoio é difícil jogar»

A sombra de Capdevila paira sobre Emerson. A insistência de Jorge Jesus não tem contribuído para a popularidade do brasileiro. «Depende do jogador que os adeptos esperavam. Ele sempre foi mais lateral que ala, ou seja, não é como Léo, por exemplo, um género de lateral bem mais ofensivo. Ele sempre foi mas defensivo.»

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«Pessoalmente, sempre achei que o Emerson tinha potencial. Foi vendido para França com 20 anos, portanto isso diz alguma coisa. Eu já o orientava desde os juvenis e vi o Emerson evoluir em vários aspetos», salienta Luciano Gusso, em conversa com Maisfutebol.

Era magro e teve de melhorar no jogo aéreo

Emerson tinha dois defeitos, nessa altura. «Ele era muito magrinho. Estávamos sempre a brincar com ele. Depois começou a crescer e chegava ao clube, inchava o peito e já se achava o maior. Na brincadeira, claro. Eu também pegava com ele pelo jogo de cabeça. Ficou muitas vezes depois dos treinos a melhorar isso. Saiu para a Europa já bem completo».

O lateral chegou ao Lille em 2006. Fez 84 jogos com a camisola da equipa francesa (menos de vinte por época). Cinco anos depois, rumou ao Benfica para compensar a saída de Fábio Coentrão. A seu lado, Capdevila, campeão da Europa e do Mundo. A fasquia é elevada.

«Como já disse, é uma questão de expetativas. É um jogador com muito boa condição física, sempre fui muito regular e precisará de tranquilidade para mostrar tudo o que tem. Pode vir a dar resultado. Mas não esperem jogadas de craque», remata Gusso, voltando ao ponto de partida.

Há sempre exceção. O vídeo, por exemplo, mostra-nos um momento de inspiração de Emerson, ainda em França. Os assobios não ajudam, por certo, mas as expetativas eram elevadas.