André Leal, conhecido por muitos no futebol como Andrézinho, tem mostrado em campo que o diminutivo só lhe assenta por causa da idade. Aos 20 anos, naquela que é a segunda época como sénior, é o jogador com mais jogos no Paços nesta temporada, um total de 30, tendo sido 26 vezes titular.

Jogador de velocidade, passe fácil e trabalho refinado, tem deslumbrado e mostrado que é mais uma jóia no cofre da Mata Real, que os pacenses até já trataram de segurar mais uns anos.

Em entrevista ao Maisfutebol, o jovem falou de como foi passar de uma época em que fez apenas sete jogos para se tornar fundamental na equipa e de como tem lidado com a atenção que desperta o seu futebol. Abriu ainda a porta para o segredo do viveiro pacense, que tem produzido várias pérolas. E confessou que espera a chamada à seleção

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No ano passado esteve em apenas sete jogos. Como lidou com isso?

«Foi complicado porque eu estava habituado a jogar. Em todas as épocas de formação joguei os jogos quase todos. Mas eu tinha a perfeita noção de que o primeiro ano de sénior é complicado para quase todos os jogadores».

Esta época já vai em 30. Como explica esta diferença?

«O ano passado foi de aprendizagem. Aprendi muito com o Paulo Fonseca, o que fez com que esta época eu já tivesse uma ideia melhor do que é o futebol profissional. E isso ajudou a que este ano conseguisse afirmar-me. Era o que eu queria: afirmar-me o mais depressa possível. Felizmente consegui e está a ser uma boa época para mim. Este ano, Jorge Simão apostou em mim desde o início e deu-me oportunidade para mostrar o meu valor e tenho aprendido muito com isso também».

Paulo Fonseca tinha acabado de apostar em si. Ficou receoso quando soube que ele ia embora?

«Pôs-me a pensar um bocado porque não sabia quem vinha. Pensei: “se calhar não me conhece e vou ter que mostrar o meu valor”. Mas também foi bom para mim o facto de no ano passado ter jogado mais na parte final do campeonato, numa altura em que o Paços estava a lutar pela Liga Europa. Eu participei em cinco jogos importantes do campeonato, que fizeram com que este ano já olhassem para mim de maneira diferente».

Depois de ter sido opção, não largou mais o lugar. Estava à espera de se impor tão depressa?

«A primeira aposta é sempre a mais importante. Depois de ter a minha oportunidade, só dependia de mim agarrá-la. E felizmente está a correr bem. Não tenho tido lesões, nada que me impeça de jogar».

As suas prestações em campo têm despertado a atenção de muita gente. Como está a lidar com isto?

«Está a ser bom. Dá-me motivação para trabalhar para que coisas melhores ainda apareçam. Sabemos que o Paços é uma equipa que tem muita visibilidade, as pessoas estão sempre atentas. E quando há miúdos aqui a crescer, fala-se mais deles. As pessoas vem cá ver… e isso é bom para mim e para os outros que cá estão».

Não assusta?

«Não, não assusta. Lá dentro esquece-se tudo. Só interessa o jogo. Dá mais responsabilidade porque sabemos que estão a olhar para nós e temos que dar o nosso melhor. Não se está tão à vontade como se calhar num jogo dos juniores em que não havia pressão. Aqui as coisas são diferentes».

Viu companheiros como Fábio Cardoso e Diogo Jota chegarem à seleção. Lamenta que ainda não tenha chegado a sua vez?

«Ir à seleção é um sonho e um objetivo. Acredito que ainda possa vir a acontecer. Eu também compreendo que a seleção de sub-21, que é a minha faixa etária, tem uma qualidade tremenda, com jogadores de alto nível. Mas eu vou continuar a trabalhar e procurar o meu espaço e a minha chamada».

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Como explica que a equipa tenha tantos «miúdos» a brilhar?

«O facto de terem aparecido os primeiros faz com que depois os miúdos na última fase da formação, nos juniores, em vez de quererem os três grandes comecem a escolher uma equipa como o Paços de Ferreira, que tem uma boa formação e que consegue projetar os jovens jogadores que têm qualidade».

«E depois ajuda já sermos quatro ou cinco ali sempre juntos, no pequeno-almoço, aqui e ali. Dá para nos apoiarmos uns aos outros, quando um não está tão bem. E isso é importante. Às vezes com a diferença de idades há algum receio. É bom termos o nosso grupo de miúdos».

Como avalia a temporada do P. Ferreira?

«Temos sido uma equipa aguerrida, muito dedicada, com uma objetividade tremenda, e acho que isso nos tem dado os pontos que temos. Fizemos uma primeira volta fantástica. Como já não se via há muitos anos. Tivemos agora uma série de jogos em que as coisas não estavam a correr tão bem… aliás, estavam a correr bem, mas os pontos não estavam a aparecer, talvez falta de sorte. Estávamos a fazer bons jogos, mas acabávamos por sofrer um golo e empatar ou perder. E isso também deixa a equipa um bocado abalada. Mas acho que essa fase já passou. Já conseguimos ganhar em Guimarães, empatámos agora em casa num jogo em que fomos superiores. Acho que o Paços da primeira volta está a voltar».

Esses pontos perdidos afetaram a equipa?

«O mister geriu muito bem esta fase que foi menos boa. Nunca nos deixou ir abaixo. E nestes últimos oito jogos o Paços ainda vai dar muito que falar».

Depois de recentemente o Paços ter conseguido ir à Liga dos Campeões e, na época passada, a Europa ter ficado tão perto. Este ano a qualificação europeia é objetivo?

«Nós não vivemos para isso. Faltam oito jogos, queremos fazer o máximo de pontos, e temos a nossa meta dos 48. Sabemos que está um bocadinho mais difícil, mas não está impossível. Queremos alcança-la. Se viesse a Liga Europa, claro que ficaríamos felizes por isso. É outro nível. A visibilidade para os jogadores é enorme. Mas não pensamos muito nisso».