Bruno Pereirinha decidiu fazer o caminho inverso ao habitual. Deixou a Europa para rumar à América do Sul, mais propriamente ao campeonato brasileiro.

Ao 27 anos, o lateral direito formado no Sporting acredita ter feito a melhor escolha na altura certa da carreira.

Em entrevista ao  Maisfutebol, Pereirinha revelou as expetativas com a camisola do Atlético Paranaense, com a qual  já jogou alguns minutos.

Voltar a ser aposta frequente no onze inicial, como o foi quase sempre no Sporting, é o principal objetivo, numa equipa que o recebeu de braços abertos e que brinca com o sotaque do «portuga».

Já se estreou no Brasileirão. Jogou 15 minutos na vitória do At. Paranaense frente ao Avaí. Como se sentiu na estreia com a nova camisola?
Bem, apesar dos poucos minutos em campo, as coisas correram bem. Ainda assim, claro, notou-se a falta de ritmo normal por ter estado de férias e, se comparado com o resto do grupo, ainda maior, porque eles estão a meio da época.

Que opinião tem sobre o futebol brasileiro?
Que é diferente de todos aqueles em que já joguei, do português, grego e italiano. Acho que é um futebol muito técnico, com jogadores com qualidade técnica acima da média. Às vezes apesar de o jogo parecer um pouco partido, o ritmo é alto.

E acha que se vai dar bem no Brasil?
Espero que sim, foi com esse desejo que rumei até aqui. Ganhei experiência noutros campeonatos, com outro tipo de futebol, é certo, mas tenho uma grande expetativa em relação a esta aventura.
 
Ainda assim, não há registos de sucesso de jogadores portugueses no Brasil. O que pode ser diferente consigo?
Espero que seja tudo. A verdade é que, se calhar, quem veio, veio noutra fase da carreira. Mais no final e não aos 27 anos, como eu. Por exemplo, o Dominguez veio mais no final, aos 31 anos já. Além disso, acho que é uma questão de oportunidade. Os portugueses nunca encararam o futebol brasileiro como um desafio real. O fluxo normal é o inverso. É saírem do Brasil para a Europa e não da Europa para o Brasil, mas surgiu esta oportunidade, informei-me e até agora, apesar de estar aqui há pouco tempo, estou muito satisfeito e acredito que foi a melhor opção.
 

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Porque decidiu fazer «o inverso» e rumar ao Brasil?
Estava no último ano de contrato com a Lazio e estava à procura de uma solução, porque na temporada passada não tive muito espaço na equipa e sabia que nesta nova época poderia ser ainda pior. Apareceu o At. Paranaense e cheguei à conclusão que seria uma boa aposta. Estou aqui de corpo e alma, a fazer de tudo para colher frutos nesta aposta.

É um campeonato que o atrai?
Sim. E tinha vontade de experimentar um futebol diferente. O Brasileirão é muito competitivo e tem uma visibilidade muito grande. Todos os países do Mundo assistem a esta Liga, porque é daqui que saem muitos talentos. Não ia ser uma aposta para perder visibilidade.

Mas não teve propostas de clubes europeus?
Que me agradassem não. Naquele momento não surgiu nenhuma opção que satisfizesse as minhas expetativas. Surgiu esta, analisei o clube, tudo aquilo que poderia ganhar profissionalmente aqui e não hesitei.

Os brasileiros costumam contar muitas piadas sobre os portugueses... nestas semanas já tem alguma história para contar?
Isso ainda não. Fui bem recebido, mas não estou aqui há muito tempo por isso ainda não há histórias para contar. Costumam é brincar comigo principalmente em relação ao nosso sotaque. Dizem que falamos muito rápido e com a boca muito fechada. Então gostam de imitar os portugueses a falar e fica bastante engraçado. De vez em quando, na brincadeira, também me tratam por «portuga». Tudo normal.
 

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Quais são os objetivos com o At. Paranaense?

O clube tem o objetivo de tentar um lugar que dê acesso à Taça Libertadores, ou seja ficar nos primeiros quatro lugares. A época está a correr bem e é um objetivo perfeitamente ao alcance.
De resto, para já, ainda não tem uma estrutura capaz de lutar pelo título de campeão, mas no futuro poderá ser diferente.

E os objetivos individuais?

Esses são claramente voltar a ser aposta regular, sendo uma opção válida que ajude a equipa na conquista dos objetivos a que se propõe. Na última época não joguei muito e quero voltar a fazê-lo. Foi com esse objetivo que vim.

O treinador que mais apostou em si foi Paulo Bento no Sporting. Foi o técnico que melhor o entendeu até ao momento?

Não vejo as coisas assim. Não sei se foi aquele que melhor me entendeu, mas se calhar foi aquele com o qual me consegui encaixar melhor no sistema e na ideia de jogo.