Carimbado o apuramento europeu do Belenenses, Jorge Simão tem o futuro ainda por definir. O técnico tem ligação ao emblema do Restelo apenas até 30 de junho, e em entrevista ao Maisfutebol deixa (quase) todos os cenários em aberto. Voltar ao papel de adjunto é que não está nos planos, pelo menos para já.
 
Este duplo sucesso (subida com o Mafra e qualificação europeia com o Belenenses) faz com que sinta que foi o ano que lança em definitivo a carreira de treinador principal?
Confesso que tenho dificuldade em responder. Claro que gostava. Se pensarmos em resultados, então tenho estes resultados para apresentar, venha quem vier. Estas duas campanhas paralelas já ninguém me tira. Mas há muitas outras coisas que movimentam as carreiras dos jogadores e dos treinadores, e tenho dificuldade em dizer se é agora ou não. Mas se é resultados que as pessoas pedem para lançar carreiras, então aqui estão eles.
 
Voltar ao papel de junto está colocado de parte? Mesmo que fosse num «grande»?
Já aprendi a não dizer “desta água não beberei”, mas a partir do momento em tomei a decisão de tornar-me treinador principal, não me veria a voltar para adjunto. De quem quer que fosse, em qualquer clube que fosse.
 
Garantida a qualificação europeia com o Belenenses, o desejo agora era continuar no clube e preparar a aventura europeia?

Se eu sentisse que as condições proporcionadas estariam de acordo com aquilo que penso ser necessário para ter uma prestação na Liga e na Liga Europa, era fantástico. Estamos num ponto de falar, de ver como estão as coisas, do que está em cima da mesa, ver as ideias das pessoas. Vamos ver...
 
Se a porta do Belenenses se fechar, acredita na possibilidade de continuar na Liga? A II Liga também é uma possibilidade?
Sou treinador de futebol, não fecho a porta a nada. Quero continuar a trabalhar, continuar a evoluir. Não fecho a porta a nada. Estou disponível para conversar e ouvir qualquer situação.
 
Rui Pedro Soares disse que preferia ver o Belenenses na Europa, mesmo que descesse no ano seguinte, do que estar dois anos na Liga sem qualificação europeia. Percebeu estas declarações, que geraram muita polémica?
Percebi perfeitamente e foi feita uma tempestade num copo de água. Ele quis salientar a importância da qualificação europeia, e não vejo qualquer polémica. A meu ver são declarações fáceis de entender. Quis salientar a importância do apuramento europeu, e ver outra coisa nessa frase é má fé.

 
Mas existe este risco realisticamente, não? Nos últimos anos tivemos casos de equipas que não estavam habituadas às provas europeias e que, no ano em que as disputaram, tiveram dificuldades para evitar a descida.
Um clube que não está habituado a estas andanças tem de preparar-se devidamente. Tem de perceber, junto de clubes que estão habituados a estas competições, quais são as dificuldades que sentem. Quem está envolvido numa experiência destas tem de falar com que está habituado a estas situações, a este calendário. São as viagens? São os plantéis que são curtos? É o dinheiro que não chega? É preciso perceber as dificuldades, e o Belenenses ainda está a tempo de preparar-se. Está na altura ideal para o fazer. Se for bem estruturado tem tudo para correr bem. Não pode pensar-se que é fazer tudo como até aqui. Mas o Belenenses está perfeitamente a tempo de traçar o plano.
 
Os conflitos entre o clube e a SAD, ou mesmo a crítica de alguns adeptos à SAD, pode condicionar o projeto?
Nada. Zero. Isso passa ao lado dos treinadores e dos jogadores.

 
Continuaram a sentir o apoio dos adeptos?
Sim. Antes de mais não nos faltou nada. E sentimos o apoio dos adeptos nesta luta, até ao fim. São relações institucionais, que para o bem de todos os belenenses podiam ser melhores, mas quem sou eu para me meter nisso? O que tenho a dizer é que continuamos focados e sentimos o apoio de quem devíamos sentir.

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