Quando Carlos conheceu Rui em 2007, lá para os lados de Fátima, nenhum deles sabia que anos mais tarde se iria escrever esta pequena história sobre eles.

Mas havia quem já desconfiasse…

Carlos Saleiro falou ao Maisfutebol dos tempos em que havia pizzas no balneário do Fátima e união como repasto, receita que mais tarde pode ter ajudado ao título do Benfica.

Mas na mesa houve espaço também para o «amor» ao Sporting. Para entrada, um pouco de Jorge Jesus.

Como viu esta temporada do Sporting de Jorge Jesus?

Vejo um Sporting mais capaz de enfrentar os jogos e as situações que envolvem o clube. A meu ver a entrada de Jorge Jesus foi benéfica. Dá gosto de ver os jogos do Sporting e assistimos a um grande campeonato. Penso que para o ano o Sporting estará ainda mais forte.

Há diferenças visíveis entre este Sporting e o da sua altura?

«Sim claro. Agora há mais gente a defender o clube, uma direção forte e ativa. Bruno de Carvalho e Jorge Jesus fazem uma grande dupla. A escolha sobre um treinador campeão veio dar mais confiança ao clube. Sente-se que os adeptos estão com o clube e vice-versa. O Sporting é agora um clube muito mais estável, sem dúvida»

Jesus. E Rui Vitória? Ainda restam memórias dos tempos no Fátima?

«Apanhei o Rui Vitoria numa fase inicial da carreira dele como profissional. Estava emprestado pelo Sporting ao Fátima, na II Liga. Vendo agora muitas das situações que teve durante este ano, num clube de topo como o Benfica, posso dizer que é o mesmo Rui Vitoria de há alguns anos: um treinador que sabe o que faz, com ideias claras, um excelente condutor de homens e de balneário. Ele sabe cativar 99% ou mesmo 100% do grupo de trabalho e isso no futebol é muito importante, por vezes»

Então Vitória teve muita mão neste Benfica campeão?

«Acredito que isso possa ter ajudado obviamente, mas não justifica por si só o título. Para se conseguir o que o Benfica e o Sporting fizeram é preciso haver muita qualidade no trabalho e, nesse campo, penso que tanto Rui Vitória como Jorge Jesus acrescentaram muito aos clubes. Mas claro que o fator união, em fases piores da época, ajuda a superar mais rápido as adversidades. E não tenho dúvidas de que Rui Vitória aproveitou muito esse seu ponto a favor»

Há assim alguma história engraçada desses tempos?

«(Risos) Lembro-me de uma coisa, a propósito da união de grupo. Às sextas-feiras, que era normalmente dia de treino e massagens, ele exigia sempre que houvesse alguém que trouxesse frango, pizzas, bebidas, essas coisas. Ficávamos lá todos nesses dias sempre a conviver mais um pouco do que o normal, todos juntos»

Já se reconhecia nele talento e capacidade para chegar a um «grande»?

«Agora é fácil falar, mas quem me conhece sabe que o que vou falar é verdade. Quando fui para a Académica, emprestado pelo Sporting, perto do final do campeonato, e sabendo publicamente que o Domingos Paciência não ia continuar, falei de Rui Vitória a uma pessoa da direção, indicando que seria uma boa opção. Via nele um treinador com capacidades para treinar numa primeira divisão na altura. Penso que isso diz tudo».