Um testemunho sincero do menino que foi obrigado a ser homem.

Carlos Saleiro nasceu como jogador no Sporting, foi lá que acusou as primeiras dores de crescimento e se fez homem.

Depois de atingir o topo conheceu o calvário e a ingratidão de um desporto que é rei, mas que torna quem faz disso vida escravo do momento, da sorte, do destino.

Algum tempo após ter cortado o cordão que o ligava aos leões o avançado renasceu. Aos 30 anos, voltou a sorrir novamente e está pronto para novos desafios.

Da saída de Alvalade às aventuras pela II Liga, do passado ao futuro, Saleiro na primeira pessoa, em entrevista ao Maisfutebol.

Desde que saiu do Sporting tem decrescido no número de jogos realizados. A que se deveu essa quebra? Foi emocional ou física?

«Desde que saí do Sporting, em 2011, não fiz uma pré-época. No Servette cheguei com o campeonato em andamento e sem pré-época novamente. Depois, ai, começaram os problemas físicos. Recuperei, vim para a Académica e lesionei-me na pré-época perdendo quase toda a temporada e o ano seguinte…»

Daí o sumiço repentino…

«As pessoas já esqueceram quase tudo. Até me lesionar era pré-convocado para a Seleção A, fiz 70 jogos oficiais pelo Sporting em duas temporadas. As lesões e a minha ausência da Liga fizeram as pessoas esquecer muita coisa. Mas o futebol é isto, o momento é que conta. Apareço no Oriental depois de um ano completamente parado e tive de regressar aos poucos à competição. Finalmente estou bem, sem problemas e preparado. Tudo isto influenciou a minha carreira nos últimos anos, mas já esqueci o passado e sinto-me confiante para enfrentar novamente grandes desafios na minha carreira»

Saleiro continua a ser sócio do Sporting e vai com frequência ao estádio

Passados estes anos, é possível saber o que falhou no Sporting?

«Quando saí do Sporting tinha mais um ano de contrato e queriam renovar por mais dois anos. Mas queriam emprestar-me. Não achei correto. Entraram novas pessoas [Godinho Lopes] e tinham outras ideias. Não concordei com elas e segui o meu caminho. Mas o amor pelo Sporting vai ser até ao fim da minha vida. Concretizei o meu sonho de jogar pelo Sporting, e estarei sempre grato por isso»

Há algum arrependimento dessa escolha?

«É claro que hoje, vendo as coisas como correram, não foi o que planeei. Quando soube que seria emprestado tracei outros objetivos. Queria também jogar no estrangeiro e a ida do Costinha [diretor desportivo no Sporting que também foi para o Servette] teve grande influência na minha mudança, convenceu-me a aceitar o projeto do Servette. As coisas não correram bem devido a problemas físicos, se não quem sabe. Mas aceito de consciência tranquila as minhas opções e sempre tentei escolher o melhor caminho para mim. Claro que dei um passo atrás, o Sporting é um clube de topo, mas tinha 24 ou 25 anos e precisava de um novo desafio»

E agora, sem clube, como será o futuro?

«Tenho como objetivo voltar à Liga ou ao estrangeiro. Tem havido contactos nesse sentido, mas ainda nenhuma proposta em concreto. Agora estou recuperado, ganhei confiança e sinto-me bem novamente. Fiz 30 anos mas sinto-me melhor do que há quatro anos. Isso dá-me motivação para enfrentar novamente desafios a que estava habituado».

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