Médio prodigioso, com tanto de génio com a bola nos pés, como de trabalhador sem ela, Deco é hoje, aos 40 anos, agente de jogadores, uma das vias que admitia seguir desde que em 2013 pendurou as chuteiras ao serviço do Fluminense.

Agora, o ex-craque que brilhou no Barcelona e passou pelo Chelsea reconhece que os anos de futebol ajudam na nova função e fala ainda sobre a Seleção Nacional. Em dia de sorteio da fase final do Mundial, o eterno número «10» portista que vestiu o «20» com as quinas ao peito, reconhece as virtudes dois seus sucessores: «Bernardo é um jogador fantástico, João Mário acima da média…»

Parte 1: «Conceição conquistou tudo na raça, não admite a derrota»

O Deco agora tem aparecido nas notícias pelo seu papel como agente de futebolistas. Já tinha o objetivo de ser empresário de futebol quando pendurou as chuteiras?

Na verdade, não tenho interesse em ser treinador. Há duas áreas que me despertam interesse e que quando terminei a carreira pensei que podia seguir: uma seria trabalhar num clube, outra era ser agente de jogadores. Acabei por seguir esta opção e estou feliz com a opção que tomei.

A sua carreira como futebolista, ainda para mais virtuoso, permite-lhe ter um olho ainda mais clínico para hoje errar menos ao analisar jogadores que são potenciais alvos?

É natural que sim. Tive a sorte de começar em clubes pequenos e de fazer a minha carreira a jogar em alto nível. Fui conquistando o meu espaço pouco a pouco e conheço toda essa dinâmica enquanto jogador. Porém, enquanto empresário tenho ainda de aprender e de evoluir.

Que características entende que não podem faltar a um jogador para singrar no futebol?

Capacidade técnica e capacidade mental para sofrer. Porque vai haver momentos difíceis e quando esses momentos chegarem os jogadores que vão triunfar são aqueles que são mentalmente mais fortes do que os outros.

Raphinha, extremo do Vitória de Guimarães de quem o Deco é empresário, tem sido cobiçado. Confirma que ele pode sair já em janeiro?

Não depende de mim. Há vários clubes que têm interesse nele, mas como agente tenho de respeitar aquilo que é o clube dele atualmente. O Raphinha é um jogador do Vitória de Guimarães. Portanto, quem decide sobre o futuro do Raphinha é o Vitória. Sobre para onde vai ou não reconheço que tenho o meu papel, mas a minha função é de aconselhamento. É natural que haja interesse. Aliás, houve interesse no verão, mas entendemos, juntamente com o Vitória, que não era o momento para ele sair. Achámos que tinha de ficar mais um ano, para evoluir e crescer. Neste momento, ele está nesse processo.

No entanto, tem sido noticiado o interesse do FC Porto, por exemplo. Não é descabido pensar numa possível transferência já no mercado de inverno…

Trabalho com o Raphinha e acredito muito no seu valor. Vai ser um jogador de alto nível. O FC Porto sabe com quem tem de falar e sabe como as coisas funcionam.

Deco foi 75 vezes internacional pela seleção portuguesa

Mudando de assunto: esta sexta-feira Portugal vai ficar a conhecer os adversários no sorteio da fase final do Mundial 2018. O Deco – que foi 75 vezes internacional e esteve nos Mundiais de 2006 e 2010 e nos Euros 2004 e 2008 – acredita que a Seleção Nacional é candidata ao título?

Em todas as edições os campeões da Europa estão entre os favoritos; não seria agora que Portugal foi campeão da Europa que ia deixar de estar. O Campeonato do Mundo é uma competição muito difícil, mas eu acredito que é possível lá chegar. Até porque Portugal tem uma seleção mais madura do que tinha no Europeu. Vai estar entre os candidatos, com certeza.

Há algum jogador nesta seleção que seja parecido consigo?

Não gosto muito de comparações. Cada um tem a sua forma de jogar…

O Bernardo Silva tem ali qualquer coisa, não?

O Bernardo é um jogador fantástico, tal como o João Mário, que é acima da média… Portugal tem neste momento talvez a sua melhor geração de médios. A Seleção tem muitos jogadores de alto nível para todas as posições do meio-campo.

artigo atualizado: hora original 23:52, 30-11-2017