Rafa Soares acaba de cumprir 23 anos, feitos nesta quarta-feira, e falou ao Maisfutebol.

Um balanço sobre a carreira até aqui e sobre esta temporada, em que passou por três clubes diferentes. Muito FC Porto, a passagem pelo Fulham e a ida para o Portimonense com o desejo de voltar ao Dragão.

Portista de coração, Rafa Soares considera que a etapa no FC Porto ainda não terminou e que tem valor para voltar a vestir a camisola azul e branca, tal como os jovens da formação que enumerou e elogiou.

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Sendo esperança nacional para o lado esquerda da defesa, o lateral formado no FC Porto também falou da seleção e disse acreditar que no futuro poderá ser internacional AA depois das 72 internacionalizações nas camadas de formação.

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Passou por três clubes em 2017/2018. Como foi a pré-época no FC Porto, que balanço faz?

Acho que foi positiva, senti-me bastante bem, treinei bem e os jogos em que fiz, na minha opinião, estive muito bem. Nos jogos no México já não joguei tanto, mas dei sempre o que tinha e o que não tinha.

Depois foi para o Fulham. O que correu menos bem na experiência em Inglaterra? Oito jogos entre a equipa de sub-21, sub-23 e a principal…

O que não correu bem foi o facto de me ter lesionado antes de ir e de ter sido mais grave do que aquilo que se previa, obrigando-me a estar muito tempo parado. Depois obviamente que foi complicado entrar na equipa porque o treinador já tinha o onze base, mais dois ou três que podiam entrar, e eu só fiquei disponível no início de novembro. Vir de uma lesão nunca é fácil, e mais ainda com tantos meses de paragem. Acho que foi sobretudo isso que me prejudicou. Acredito que se tivesse chegado lá com a intensidade com que estava no FC Porto teria sido tudo muito diferente.

Mas a adaptação, na sua primeira experiência no estrangeiro, correu bem?

Sim, sim, foi ótima não tenho nada a apontar. Londres é uma cidade incrível para se viver, o inglês também não foi entrave nenhum. Nesse aspeto correu tudo muito bem.

Ou seja, ir para fora não foi um problema e não tem qualquer receio de o voltar a fazer. Foi a lesão…

Sim, não tenho qualquer problema e não tenho qualquer receio em voltar a sair. Só espero é que não me aconteça nada antes de ir, como aconteceu desta vez.

Como era a sua vida lá? Vivia sozinho, tinha de cozinhar…

Não, não, levei a minha namorada. Ela cozinhava (risos) e eu fazia o resto. Até foi a primeira vez que vivemos juntos, mas foi ótimo. Dividíamos as tarefas, e é assim que tem de ser.

Depois surgiu o Portimonense, de entre vários clubes interessados - falou-se do Estoril e do Vitória Setúbal. Como surgiu e porque aceitou o Portimonense?

Com a venda do Lumor [ao Sporting] abriu-se uma vaga. Escolhi o Portimonense por conhecer muito bem a cidade, por vir para cá sempre nas férias e os meus pais terem cá casa. Ou seja, é como se fosse uma segunda casa para mim. A adaptação foi, por isso, mais do que fácil e estou a gostar muito de cá estar, pela equipa, por estar a jogar, pela cidade, pela vida tranquila e pelo bom tempo. Estou contente, acho que foi a decisão mais acertada.

E como é trabalhar com Vítor Oliveira, o treinador das subidas e que este ano decidiu ficar a treinar na Liga?

É muito bom, tenho gostado muito. Não tinha ideia de como era enquanto treinador e pessoa, mas estou agradecido pela oportunidade que me deu e pela forma como trabalha. Para além de bom treinador é boa pessoa e isso para mim conta bastante.

O que destaca no trabalho dele?

A forma como vê o jogo. Privilegia muito o jogo em posse com objetivos, o que é ótimo no geral e também para mim, e não é fácil de impor numa equipa que veio da II Liga e que estava há tantos anos afastado da primeira. Mas conseguiu e não é por acaso que muita gente fala bem do jogo do Portimonense. Além disso, não é treinador de nos dizer para perdermos tempo, pelo contrário, nós não somos uma equipa que faz antijogo o que é bom porque o futebol português está a passar por uma fase muito complicada nesse sentido; aqui felizmente isso não acontece.

Falou aí «da fase muito complicada» do futebol português que, infelizmente, não é só no antijogo. É nas suspeições, por exemplo… como se lida com isso?

Nunca pensei nisso, sinceramente, mas é complicado claro. Agora qualquer coisa que um jogador faça, um erro mais grave ou um lance evidente, serve para especular. Claro que os jogadores não querem errar e muitos não o costumam fazer, mas há dias maus, dias em que a concentração pode não ser máxima. Enfim, este clima de suspeição não é bom e costuma ser levantado por pessoas que nunca estiveram dentro de campo e é o que se tem visto. Ainda assim, acredito e espero, que mais ano menos ano isto volte ao normal.

Voltando ao Portimonense... É certo que só há dias é que podem estar totalmente descansados, mas a manutenção já estava praticamente garantida há muito tempo. Os últimos resultados é que não têm sido positivos. Alguma explicação?

Não. Às vezes há coisas no futebol que são complicadas de explicar. É verdade que os últimos resultados não têm sido bons, mas não é por falta de querer, de ambição ou vontade. Não conseguimos, parece que estamos com a estrelinha do azar. Temos trabalhado bem durante a semana, e trabalhado como antes, mas se calhar agora estamos a ser menos capazes do que os outros. Não sei, mas, garantidamente, não houve nenhum relaxamento da equipa por termos conseguido uma posição confortável há algum tempo.

Também por termos falado do «bom futebol».. O que faz a diferença entre um jogador de topo e os outros? A componente física ou o conhecimento do jogo e a capacidade de se adaptar a diferentes situações?

Cada vez mais a capacidade de compreender o que o treinador pede e o que a equipa precisa, porque os jogos ao mais alto nível são definidos nos pormenores. Por meio metro mais à frente ou meio metro atrás se ganham jogos e campeonatos, e se o jogador não for inteligente, se não estiver sempre concentrado e focado no comportamento táctico da equipa, tem poucas hipóteses de jogar ao nível dos principais campeonatos. Se o jogador não for inteligente e não conseguir ler o jogo de forma rápida, antecipando algumas coisas, não tem muitas chances de vingar. A parte física e a alimentação nem vale a pena falar, porque são fundamentais e a base de tudo. O que acontece dentro de campo é reflexo do que fazemos fora dele...