Fernando Fonseca conquistou o seu espaço nos juniores do FC Porto, onde se sagrou bicampeão nacional. Foi aos Jogos Olímpicos pela Seleção Nacional, transitou para a equipa B dos dragões e manteve-se como titular.

Lateral direito ao estilo de Maxi Pereira ou o incomparável João Pinto, figura história do clube, Fernando diz que prefere um bom corte a uma boa finta.

Sem hesitar, revela que vai ao Youtube procurar vídeos de jogadores menos óbvios como Jaap Stam, Eric Cantona ou Javier Zanetti. Porquê? Ele explica.

O Fernando começou como extremo, como é que passou a lateral direito?

«Eu já joguei a extremo, a lateral esquerdo, a pivot, já fiz treinos a central…até que encaixei na lateral direita e gostei. O primeiro treinador a colocar-me lá foi o mister Folha e depois passei a jogar mais vezes ali com o mister Bino Maçães. Adoro ser lateral, é a minha casa e sinto-me bem ali.»

Como é o Fernando Fonseca como jogador?

«É o atleta mais brincalhão que há no mundo, mas que quando entra em campo é um jogador que dá sempre tudo. Se há coisa que não me podem apontar o dedo é de falta de atitude num treino ou num jogo.»

É um jogador mais de raça do que de capacidade técnica?

«Acho que não sei fazer uma finta, é tudo na raça. É algo que me define e que gosto. Adoro fazer carrinhos, adoro cortar a bola e festejar um corte como se fosse no futsal. Adoro isso. Claro que sei fintar, mas se puder ser o mais simples possível, não inventar muito, melhor.»

É um lateral portanto à imagem de Maxi Pereira ou de João Pinto?

«Sim, sou um lateral desses. O João Pinto é um grande exemplo para mim. Se há coisa que não me sai da cabeça são as imagens daquela final da Taça no Jamor frente ao Sporting, em 1994, em que ele pega na Taça lá em cima e…bem, as imagens falam por si. Posso ver isso mil vezes que me arrepio sempre. Claro que também já vi a final de Viena, em que ele não dá a Taça a ninguém, são momentos inesquecíveis.»

Quem eram os seus ídolos quando era mais novo?

«Isso não é fácil porque eu fui sempre mudando de posição. Portanto. todos os anos fui mudando de ídolos. Gosto sobretudo de jogadores com raça! Quando vou ao Youtube não vou para ver vídeos do Messi ou do Ronaldo. Não que não goste, mas prefiro ver vídeos do Stam, do Cantona, do Zanetti, desses jogadores. Sou menino de ir procurar primeiro vídeos de porrada no futebol do que dribles. Gosto de raça, de contacto, de entrega ao jogo.

Não foi ao Euro sub-19 e logo depois vai aos Jogos Olímpicos. Como recorda esses momentos?

«Primeiro foi uma desilusão muito grande, porque trabalhei muito para estar no Euro sub-19, abdiquei de muitas coisas, chorei muito, mas há males que vêm por bem. Foi mau não ir ao Europeu, foi mau a lesão do Sturgeon, mas isso abriu-me a porta dos Jogos Olímpicos. É assim: num momento estás cá em baixo e de repente estás lá em cima. Depois, tens de agarrar as oportunidades para teres sucesso na vida.»

Onde estava quando foi chamado para treinar com a Seleção Olímpica?

«Lembro-me que estava na cama e recebi uma mensagem, para ir para o hotel. Liguei ao Jorge (Fernandes) a perguntar quem era aquela pessoa que nos estava a dar tanga. Mas lá falei com o Tiago, o team manager, chegamos e o mister explicou-nos que era para treinar e compor a equipa. Lá fiquei, depois aparece a lesão do Sturgeon e agarrei a oportunidade.»

E como soube que ia definitivamente aos Jogos Olímpicos?

«Tinha acabado o estágio, já estava a vir de viagem no carro e recebi uma mensagem: ‘tens passaporte?’ Achei estranho mas respondi que sim, então disseram-me para me apresentar às onze na seleção. Nem queria acreditar, só me apetecia chorar. Liguei logo à minha mãe, para ela fazer as malas, e foi um momento que nunca vou esquecer.»

Quais as melhores recordações desse torneio olímpico de futebol?

«Não me esqueço do jogo com a Argentina. O mister disse o meu nome na palestra, continuou a falar mas eu já nem ouvia nada, só pensava em como aquilo iria ser. Umas semanas antes estava a jogar para 100 pessoas, no campeonato de juniores, e chego ali com 40/50 mil, com toda a gente a torcer por nós, porque íamos jogar contra os argentinos. Foi incrível. Penso que correu bem, é um torneio com uma visibilidade mundial, deu nos principais canais, e foi a partir daí que fui mais falado e mais visto.»

E fora dos relvados, como foi a experiência?

«Aquilo era uma grande aldeia, com muitos prédios. Até ao refeitório eram dez minutos a pé, embora houvessem vários autocarros para fazer esse percurso. A sala de convívio tinha pessoas de todos os desportos, a confraternizaram, era um cenário impressionante. Para a minha família foi algo incrível ver-me ali, para os amigos ainda mais. Quando ia para jogar, sabia que não os podia desiludir.»

Entretanto, já conquistou o seu espaço na Seleção Sub-21:

«Sim, tem sido incrível. Um mês antes dos Jogos estava na seleção sub-19 e nem fui ao Europeu. De repente vêm os Jogos Olímpicos, depois a seleção sub-21, fico cada vez mais perto. A seguir aos sub-21 é a seleção A. Vejo que está cada vez mais perto a realização do sonho de estar nos grandes palcos.»

LEIA TUDO:

Fernando: «Já fui um dos miúdos que saltam da ponte D. Luís»

Fernando: «Amanhã posso estar a trabalhar numa loja»

Fernando: «Quero ser o próximo lateral direito do FC Porto»

Fernando: «Esta nova geração do FC Porto tem muita qualidade»