Um dia depois de ser campeão grego pelo Olympiakos, juntando o título helénico aos dois que ganhou em Portugal pelo FC Porto, o treinador Vítor Pereira falou ao Maisfutebol. Comparou o título grego com os dois que ganhou em Portugal, falou das polémicas em que se viu envolvido e deixou uma garantia depois do terceiro título de campeão, num país completamente novo. «Isto não é para qualquer um.»
 
Já tinha saudades de ser campeão?
Claro que sim. Fazemos a nossa carreira para ganhar títulos. Quando ganhamos o primeiro queremos ganhar o segundo, quando ganhamos o segundo queremos ganhar o terceiro e quando ganhamos o terceiro queremos ganhar o quarto. O título o ano passado, na Arábia Saudita, não foi possível, porque a equipa era muito jovem e por uma série de outras circunstâncias, mas agora foi possível e isso deixa-nos naturalmente satisfeitos.
 
No seu coração, que lugar tem este título?
O primeiro título é sempre um título que marca. Foi um título ganho debaixo de muitas dificuldades e ficou emocionalmente gravado na minha vida. Este título é importante porque mostra que posso ganhar fora de Portugal, e fora do FC Porto.


 
Este foi o título mais fácil que ganhou?
Os títulos do FC Porto foram ganhos ao milímetro, frente a um grande Benfica. Quando defrontámos o Benfica na penúltima jornada, no jogo decidido pelo golo do Kelvin, as duas equipas não tinham nenhuma derrota. No fim, a diferença foi essa derrota do Benfica. No ano anterior a diferença foram duas derrotas. Portanto foi um enorme Benfica, um grande, grande adversário.
 
E este título?
Este foi diferente.
 
Porquê?
Quando chegámos estávamos em segundo e fomos campeões com treze pontos de vantagem sobre o PAOK e catorze sobre o Panathinaikos. Foi um título em que mostrámos claramente que somos a melhor equipa com alguma distância.
 
Para o Vítor Pereira foi algo novo, portanto…
Sim, sobretudo porque aconteceu também debaixo de um certo contexto de quase guerra que há aqui nos derbies e que é uma coisa que eu nunca tinha visto nada igual. Por isso é como digo, acabam por ser títulos diferentes.
 
E serviu para mostrar que o Vítor Pereira é um treinador de títulos? Um campeão?
O futuro é que vai dizer quem é quem.


 
Não está já a dizer?
Não tenho dúvidas nenhumas que fiz o meu trajeto de forma segura e de forma competente. Mesmo no Sp. Espinho e no Santa Clara as minhas equipas jogaram sempre bom futebol. Na Arábia Saudita as pessoas reconheciam que a equipa jogava um futebol como nunca tinham visto. Aqui na Grécia foi diferente, cheguei a meio da época e o que fiz foi recuperar uma equipa.
 
Recuperou-a e foi campeão...
Isto não acontece por acaso. Não é para qualquer um.
 
O que é que foi fundamental neste título?
A equipa reagiu muito bem à nossa chegada e à nossa forma de jogar. No início não foi muito fácil, porque foram muitos jogos, muitos jogos, e pouco tempo para treinar e para implementar as nossas ideias. Mas depois a equipa estabilizou. O trabalho foi bem feito, a equipa assimilou bem as nossas ideias e mostrou que era melhor do que os adversários.
 
Falou do clima de quase guerra nos derbies. Já percebeu o que aconteceu?
Aqui as pessoas são muito emocionais. A rivalidade é levada ao extremo. Pensei que a rivalidade Benfica-FC Porto era às vezes irracional, mas aqui é outro mundo. Só o facto de os adeptos não poderem ir ao estádio do adversário já revela como isto funciona.
 
O facto do Vítor Pereira ter estado duas vezes no centro da polémica complicou a sua tarefa no objetivo de ser campeão?
São ambientes terríveis, em que por vezes parece que não há regras. Invade-se o campo por nenhuma razão, para-se um jogo só porque o adversário fez um golo, enfim, nunca vivi nada parecido com isto sequer. Num ambiente assim tem de se mostrar que somos melhores e foi isso que eu fiz.