Ana Borges: é provável que já tenha ouvido falar dela. Afinal de contas é jogadora da seleção nacional. Mas é mais do que isso. Desde o verão, também é atleta do Chelsea.

Ora por isso, e porque o Sporting joga em Stamford Bridge nesta quarta-feira, o Maisfutebol partiu à descoberta da jovem de 24 anos e acabou por encontrar muito mais.

Encontrou sobretudo uma sportinguista dos sete costados.

«Sou apaixonada pelo Sporting. A maior parte da minha família até nem é do Sporting e chateavam-me para mudar para o Benfica, mudar para isto e mudar para aquilo, mas eu desde miúda que lhes respondia que nem pensar. Não conseguia ser de outro clube.»



Nesse sentido, e antes da viagem do Sporting, quis saber-se como vai estar o coração na quarta-feira quando o clube que lhe paga e o clube que a encanta se defrontarem.

«O nosso coração é verde sempre», responde. «Não podemos renegar às nossas origens. O ano passado jogava no At. Madrid quando o FC Porto foi lá jogar e nessa altura estava a torcer pelo At. Madrid, até por o FC Porto ser rival. Este ano torço pelo Sporting, claro.»

Depois de meio ano em Stamford Bridge, esta sportinguista de corpo inteiro não tem dúvidas que vai ser difícil. Mas também não atira a toalha ao chão.

«Este ano quando foi apresentação da equipa masculina, tivemos o convite para ir dar uma volta ao relvado de Stamford Bridge. O estádio estava cheio, como sempre. Foi mesmo um estrondo. É realmente uma coisa que nunca na vida tinha experimentado», conta.

«Ali o público também joga, não tenho dúvidas nenhumas. Aquilo, aquele ambiente, entra na cabeça dos jogadores da casa, dos adversários e até dos árbitros. Vai ser difícil.»

«Mas eu acredito, claro que acredito. Vai ser muito difícil, mas acredito. Acho que vamos trazer de lá um empate. Não somos uns coitadinhos e a prova disso é que equipas portuguesas já derrotaram equipas inglesas.»


E conselhos de uma infiltrada, há?

«Pelo que tenho visto do Sporting nos jogos da Liga dos Campeões, não é preciso. O Sporting é uma equipa que joga bem, que troca a bola, segura, só tem de ser isso tudo.»



A portuguesa nunca teve oportunidade de falar com Mourinho, mas gostava de o fazer agora. Para, neste caso sim, lhe deixar alguns conselhos.

«O Mourinho que pense na liga inglesa agora, que não é nada fácil: no futebol inglês joga-se muitas vezes, têm jogos à quarta e ao fim de semana, sempre sem parar. Ele já tem o primeiro lugar da Champions garantido, por isso que se concentre no que é mais importante.»

Ora por falar em Mourinho, interessava saber como era a relação de Ana Borges com os portugueses do Chelsea: e são tantos...

«Já nos encontrámos algumas vezes. Com o Mourinho nunca tive oportunidade de falar, por acaso, mas já fui ver um ou dois treinos dele. Falo mais com o Paulo Ferreira. De quê? Diz-me que fiz uma boa escolha, que o Chelsea está a apostar no futebol feminino, que toda a gente me vai tratar bem e que é como uma família.»

«Tem razão. Cheguei a meio da época, mas  no final da primeira semana já falava com toda a gente e toda a gente falava comigo. É realmente como uma família. Mesmo sem falarmos a mesma língua, receberam-me muito bem.»

À cabeceira da mesa dessa família, de resto, senta-se um português. Mourinho, claro.

«Quando cheguei, disseram-me logo que os jogadores são capazes de se matar por ele. O Mourinho é que fez do Chelsea o que ele é atualmente. Mesmo nesta segunda fase, reergueu o clube que durante tantos anos não conseguia estar sempre na frente»
, diz.

«Por isso é especial para todos: adeptos, jogadores, treinadores, enfim. É um rei no clube. É Deus. Nota-se em todas as conversas. Os adversários detestam-no porque às vezes abre um bocadinho a boca de mais, mas é direto e frontal, mesmo que isso lhe vá trazer problemas e que digam que é arrogante. No Chelsea todos o adoram.»



É isso que o Sporting vai encontrar: um adversário muito motivado porque sente que voltou a ter o melhor a guiar todos os seus passos.

«Para os adeptos não há maior ídolo do que o Mourinho. Não há nenhum jogador, dirigente, nada. Aqui em Inglaterra os adeptos adoram os jogadores, mas pelo que vejo e pelo que ouço no Chelsea só há Mourinho. É o maior.»

Voltando ao jogo com o Sporting, Ana Borges não vai estar nas bancadas porque está em Portugal de férias: o campeonato feminino em Inglaterra acaba em novembro.

Mas depois desta interrupção para apoiar o Sporting, o Chelsea volta a ser a sua vida.

«Renovei com o Chelsea por mais uma época», conta. «Acabámos a liga em segundo, com os mesmos pontos do primeiro, mas perdemos o título por diferença de um golo. Ganhámos o prémio de ir jogar a Liga dos Campeões e vai ser a minha estreia.»

Por um golo se ganha por um golo se perde. Fica à atenção do Sporting.

«Mas acredito que vai empatar », atira. «Ou então ganhar por 1-0