Bruno Moreira está na segunda temporada ao serviço do Paços de Ferreira, numa carreira que vive os melhores momentos na atual temporada. Tem marcado golos e aproveitado as boas condições que diz ter à sua disposição na Mata Real para se afirmar como figura da Liga 2015/16.

Na época passada trabalhou com Paulo Fonseca, no ano do regresso do técnico a Paços depois da experiência falhada no FC Porto. Este ano o líder é Jorge Simão, outro técnico jovem que começa a deixar marca na Liga.

O avançado traça o perfil dos dois treinadores e recorda outras passagens de uma carreira que já passou por sete clubes desde que passou a sénior: Joane, Varzim, Moreirense, Nacional, CSKA Sófia, Desp. Chaves e, agora, o Paços de Ferreira.

 

Bruno Moreira tem estado no centro do bom campeonato do Paços de Ferreira

 

Como está a ser trabalhar com Jorge Simão?

Está a ser muito bom. Tenho aprendido muito com ele, tenho evoluído. O que destaco mais nele é a capacidade de trabalhar psicologicamente o jogador. Acho que é a principal característica dele. Além de ser um excelente treinador de campo, na minha opinião é um excelente psicólogo. Prepara muito bem o jogador para os treinos e para os jogos.

É muito diferente de Paulo Fonseca?

Tem as suas diferenças, claro… O mister Jorge Simão trabalha o jogador psicologicamente até à exaustão e consegue sempre tirar o máximo de cada jogador. A grande diferença entre os dois é que mister Paulo [Fonseca] privilegia mais o futebol de posse, uma equipa que quer a bola, como se nota no Sp. Braga, aliás. É um treinador feito para equipa grande. O mister Jorge Simão é mais pragmático, é um treinador que procura resultados, só a vitória interessa. Não é que no mister Paulo isso não aconteça, mas o mister Jorge Simão é mais pragmático. Independentemente de como jogas, se tens ou não um bom desempenho, o que ele quer é ganhar, jogando bem ou jogando mal.

Jorge Simão terá futuro num grande, por exemplo?

Claro que sim. Conheço-o há uns meses, mas tem todas as possibilidades de treinar um grande clube. E em relação ao Paulo Fonseca, pela maneira como trabalha, voltar a um grande é uma questão de tempo…

Já jogou em vários clubes em Portugal. O que tem de diferente o Paços em relação aos clubes que conheceu?

O que posso dizer do Paços é que é um clube que tem vindo a crescer. Toda a gente conhecia o Paços como um clube pequeno, humilde, que todos os anos lutava pela manutenção, mas aos poucos tem crescido. Já olham para o Paços como um clube que já olha para os primeiros oito classificados. Não posso dizer que luta pela Liga Europa porque não é verdade, mas é um clube que olha para cima na tabela, está a crescer, não falta com nada e tem boas condições de trabalho, além de excelentes pessoas por trás. Quando assim é só posso dizer bem.

Além dos clubes que representou em Portugal teve uma experiência na Bulgária, no CSKA Sofia, que acabou por ser curta [10 jogos e 1 golo em 2013/14]. O que correu mal?

Correu mal a nível desportivo. Foi bom para mim ter ido para lá. Foi enriquecedor, gostei de lá estar, mas a nível desportivo não correu bem porque foi uma solução que eu tive na altura e que tive de embarcar mas que não era o que queria. Logo aí correu mal. Tanto em termos desportivos como financeiros não foi a melhor solução que me surgiu. Fui emprestado pelo Nacional, num negócio que não me agradou. Acho que as pessoas do Nacional não se portaram bem comigo, mas como eu era funcionário do clube tive de aceitar porque o meu futuro poderia também ficar em causa.

Antes, passou pela formação do FC Porto, nos juvenis e juniores. Acalentou o sonho de chegar à primeira equipa?

Sim, até porque cheguei a ser chamado, na altura, para treinar com a equipa B, embora jogasse maioritariamente nos juniores. O treinador era o Domingos, que também foi ponta de lança, seria um bom professor. Quando se joga numa equipa como o FC Porto o objetivo é sempre chegar ao plantel principal. Infelizmente não deu para chegar lá. Também tive uma lesão complicada, que me afastou durante algum tempo e depois não consegui atingir o nível necessário.

 

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